Após um mês sem postagens, motivo pelo qual até peço desculpas, voltamos com mais uma participação na série Panorama do Haicai Nacional. O entrevistado desta vez é muito especial, um dos maiores divulgadores do haicai no Brasil: Edson Iura.
Edson Iura é editor do site Caqui, atual administrador do fórum Haikai-l, curador da página Haicai Brasileiro do Jornal Nippak e também um dos organizadores do Encontro Brasileiro de Haicai, além de sua atuação como jurado em diversos concursos de haicai no Brasil.
Ah, quase me esqueci de dizer: ele foi a maior inspiração pra criar esse blog. Agora sim, dito tudo isto, vamos a entrevista? ;)
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Rafael Noris - Como você conheceu o haicai?
Edson Iura - Lembro-me de meu avô como praticante de uma misteriosa arte japonesa chamada haiku. Quanto a mim, entre os vinte e os trinta anos, interessei-me por escrever poesia. A essa época, meus poemas eram sempre muito curtos. Foi então que, eventualmente, descobri traduções de haicais japoneses e que, além disso, existia gente escrevendo haicais em português. Atraiu-me no haicai a possibilidade de versejar de maneira mais orgânica, dentro dos parâmetros de uma forma tradicional. Descobri Bashô, Paulo Franchetti, o Encontro Brasileiro de Haicai, Francisco Handa, o Grêmio Haicai Ipê e Goga Masuda, nessa ordem, e, desde então, vou por esse caminho.
RN - Aliás, este caminho tem ajudado muitas outras pessoas: você acabou criando o site Caqui e hoje é moderador do grupo virtual Haikai-l, duas importantes referências quando o assunto é haicai e a produção destes no Brasil. O que te motiva a divulgar este tipo de poesia?
EI - O que me motiva a divulgar o haicai é compartilhar o meu interesse no assunto com um público mais amplo, quiçá o mundo inteiro, o que, teoricamente, seria possível com a internet. A nível prático, contento-me em divulgar o haicai entre os falantes da língua portuguesa, o que começou em 1995, com o início da operação da internet comercial brasileira. Nessa época, descobri o que era uma "home page", aluguei espaço num servidor e comecei a praticar meus conhecimentos de html. Em fevereiro de 1996, pus o Caqui no ar, o primeiro sítio sobre haicai em português da internet. O professor Paulo Franchetti, da Unicamp, estudioso de haicai e entusiasta das novidades tecnológicas, acabou encontrando-me em suas navegações pelo recém-desbravado ciberespaço, e passamos a trocar ideias sobre uma lista de discussão de haicai. Ele se encarregou de abrir uma lista no servidor da Unicamp e, em abril de 1996, nasceu a Haikai-L, o primeiro fórum de haicai da internet lusófona.
RN - Os seus haicais seguem uma orientação tradicional, mas no Caqui você também expõe os mais diversos estilos de haicai praticados no Brasil. Como você vê essa coexistência de estilos tão diferentes (às vezes até conflituosos)?
EI -
Haicais de Edson Iura:
Vento de inverno.
O gato de olho vazado
procura seu dono.
Procurando pouso
na rua movimentada,
borboleta aflita.
O mendigo sonha
entre sacos de lixo
e flores de ipê.
Conversa animada...
Na marquise, dois mendigos
entre cobertores.
Caminhão se vai-
De uma nuvem de fumaça
uma borboleta
Edson Iura é editor do site Caqui, atual administrador do fórum Haikai-l, curador da página Haicai Brasileiro do Jornal Nippak e também um dos organizadores do Encontro Brasileiro de Haicai, além de sua atuação como jurado em diversos concursos de haicai no Brasil.
Ah, quase me esqueci de dizer: ele foi a maior inspiração pra criar esse blog. Agora sim, dito tudo isto, vamos a entrevista? ;)
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Rafael Noris - Como você conheceu o haicai?
Edson Iura - Lembro-me de meu avô como praticante de uma misteriosa arte japonesa chamada haiku. Quanto a mim, entre os vinte e os trinta anos, interessei-me por escrever poesia. A essa época, meus poemas eram sempre muito curtos. Foi então que, eventualmente, descobri traduções de haicais japoneses e que, além disso, existia gente escrevendo haicais em português. Atraiu-me no haicai a possibilidade de versejar de maneira mais orgânica, dentro dos parâmetros de uma forma tradicional. Descobri Bashô, Paulo Franchetti, o Encontro Brasileiro de Haicai, Francisco Handa, o Grêmio Haicai Ipê e Goga Masuda, nessa ordem, e, desde então, vou por esse caminho.
RN - Aliás, este caminho tem ajudado muitas outras pessoas: você acabou criando o site Caqui e hoje é moderador do grupo virtual Haikai-l, duas importantes referências quando o assunto é haicai e a produção destes no Brasil. O que te motiva a divulgar este tipo de poesia?
EI - O que me motiva a divulgar o haicai é compartilhar o meu interesse no assunto com um público mais amplo, quiçá o mundo inteiro, o que, teoricamente, seria possível com a internet. A nível prático, contento-me em divulgar o haicai entre os falantes da língua portuguesa, o que começou em 1995, com o início da operação da internet comercial brasileira. Nessa época, descobri o que era uma "home page", aluguei espaço num servidor e comecei a praticar meus conhecimentos de html. Em fevereiro de 1996, pus o Caqui no ar, o primeiro sítio sobre haicai em português da internet. O professor Paulo Franchetti, da Unicamp, estudioso de haicai e entusiasta das novidades tecnológicas, acabou encontrando-me em suas navegações pelo recém-desbravado ciberespaço, e passamos a trocar ideias sobre uma lista de discussão de haicai. Ele se encarregou de abrir uma lista no servidor da Unicamp e, em abril de 1996, nasceu a Haikai-L, o primeiro fórum de haicai da internet lusófona.
RN - Os seus haicais seguem uma orientação tradicional, mas no Caqui você também expõe os mais diversos estilos de haicai praticados no Brasil. Como você vê essa coexistência de estilos tão diferentes (às vezes até conflituosos)?
EI -
Enquanto gênero literário, o haicai não tem dono. Ao mesmo tempo, recuperando uma frase do Mestre Goga, "o dono do haicai é o próprio autor", isto é, cada um escreve de acordo com seus valores.Não me passa pela cabeça censurar este ou aquele entendimento sobre o assunto. Tenho cá minhas ideias, que partilho com quem quiser ouvir.
Haicais de Edson Iura:
Vento de inverno.
O gato de olho vazado
procura seu dono.
Procurando pouso
na rua movimentada,
borboleta aflita.
O mendigo sonha
entre sacos de lixo
e flores de ipê.
Conversa animada...
Na marquise, dois mendigos
entre cobertores.
Caminhão se vai-
De uma nuvem de fumaça
uma borboleta
Olá.. Eu asoro jai-kai. Amo esta forma tão simples e poética de expressar um sentimento.
ResponderExcluirSe vc me permitisse, colocando a autoria é claro, eu gostaria de plublicar em meu blog alguns de seus hai-kais.
Aguardo sua visita..e se concordar, m deixará muito feliz!!
Ma Ferreira mdfbf.blogspot.com
Toda intervenção do Edson Iura no campo do haicai no ciberespaço, é para contribuir. Seus textos, traduções, palestras, são o outro lado de suas inestimáveis colaborações. Deixo aqui o meu reconhecimento e admiração.
ResponderExcluir-
gélida manhã –
outra vez sem o velhinho
o banco da praça
-
josé marins
http://fieiradehaicais.blogspot.com/
Ma, pode usar todo o conteúdo deste blog, desde que você cite a fonte e coloque um link dele :)
ResponderExcluirAbraços.
Gostaria de perguntar uma coisa: ao construir o haikai, somos obrigados a usar a estrutura tradicional, com cinco sílabas no primeiro e terceiro versos, e sete no segundo? Ou ele deixa de ser um haikai? Pergunto isso porque gosto de escrever poesia, e já escrevi alguns poemas que se aproximam do haikai tradicional, com a diferença de não possuir o número certo de sílabas em seus versos. Um grande abraço e aguardo a resposta!!!!
ResponderExcluirSandro, é recomendado que não fique muito acima ou abaixo que desta quantia de sílabas. Dê uma olhada nesse artigo que publiquei a um tempo aqui:
ResponderExcluirhttp://hai-kais.blogspot.com/2010/04/forma-do-haicai.html
Abraço!
Muito obrigado! Teu artigo tirou minhas dúvidas.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Que bom ver aqui a entrevista com Edson Iura, grande figura do Haicai Brasileiro !
ResponderExcluirViva !
:~)
(Clarice Villac)
Muito bom !
ResponderExcluirParabéns!Ótima entrevista
Já disse e repito, foi via o belo portal KAKINET que entrei no mundo do haicai, que estou ligado até hoje.
ResponderExcluirEsperamos em breve ler uma publicação sua!
Obrigado Mestre.
Pichorim.
Curto - e correto.
ResponderExcluirExcelentes falas!