terça-feira, 21 de janeiro de 2014

5 dicas para escrever mais e melhores haicais

Antes de irmos pra lista, gostaria de dizer que este não é um guia definitivo de nada, são apenas pequenos hábitos que tem me ajudado a voltar a escrever depois de muito tempo parado e acho que pode ser valioso para mais pessoas.

O haicai é um caminho muito pessoal e esta lista foi escrita para, mais do que indicar uma rota, trocar experiências depois nos comentários sobre se alguém já faz algo que citei, se realmente acha que ajuda, se tem outra dica e coisas assim :-)

Então vamos lá:

1) compre um caderninho de anotações

Como disse, escreva sem muita censura, para criar o hábito

O caderninho, em época de smartphone, poderia ser facilmente substituído por algum app, mas mesmo eu que sou um geek, confesso que ter adotado a escrita mesmo foi muito mais prazeroso e fácil. O importante é estar com ele fácil para onde for, e anotar todo haicai que lhe vier a cabeça. Acho importante que se frise: não precisa escrever um grande haicai, não se barre, ao menos não no começo, escreva livremente, haicais, senryus, para se acostumar.

2 - acompanhe blogs e sites sobre haicai
Há vários que indico aqui no blog, ali na parte de Parceiros, o Kakinet, por exemplo, é o principal divulgador do haicai no Brasil e possui também uma lista de emails que vale a pena assinar. Todos que estão ali eu recomendo mesmo, mas siga os que mais lhe agradam. E não deixe de pesquisar mais e mais, que esse mundão tem muita gente escrevendo. Eu mesmo aqui no blog comentei certa vez de uns haicais indianos muito interessantes que encontrei por aí :-)

3 - tire fotos

uma cachorrinha selvagem, um barco à sombra, um pássaro ladrão de ração. a nossa volta tem muita poesia

Quem pesquisa sobre definições de haicai volta e meia dá de encontro com explicações como "o haicai é como fotografia, capta o instante e mostra sua sensibilidade na foto sem aparecer nela".  E é verdade em partes, pois ambos buscam o registro de um momento. Acho que a única diferença é o balanço entre contemplação e criatividade. Ao tirar foto, as pessoas costumam se preocupar: como vou captar isso de maneira criativa?, uma preocupação que não ocorre com muita frequência em haicaístas, que se preocupam muito mais em registrar algo que mexeu com seus sentidos. Mas como disse, é uma questão de balanço, e acredito que exercitar um lado melhore o outro.

Hoje, todo smartphone tem uma câmera razoável. Se você tem um, deveria passear pelo Instagram e clicar mais coisas a sua volta. Como exercício, que tal também tentar transformar uma foto num haicai?

4 - pesquise haicais em outras línguas e os traduza


Com um pouco de conhecimento em qualquer língua, é possível usar esta dica. Serve como exercício de tradução e de aprofundamento em algum autor. Eu tenho um caderninho que dividi em inglês e espanhol, que são línguas que tenho certa afinidade, e nele eu copiei um moooooooonte de haicais que encontrei pela internet, tem o americano Jack Kerouac, o mexicano José Juan Tablada, o uruguaio Carlos Fleitas, o inglês David Cobb, o canadense Bruce Ross, enfim. Um bom lugar pra pesquisar haicais em outras línguas é a seção Haiku International da Terebess.

5 - compartilhe!
Acho que de tudo o que escrevi, essa é das mais importantes: ao escrever haicais, compartilhe com outros haicaistas pedindo que eles avaliem como você poderia melhorar, o que eles acharam e referências. Na lista da Kakinet, que citei acima, há muitas pessoas dispostas a ajudar e fazer críticas construtivas. Eu me considero razoável para escrever haicais, às vezes sai um que gosto, muitas não, mas estou sempre tentando, e não seria metade do que sou hoje sem os muitos conselhos de pessoas que considero mestres, mais que amigos, nessa arte, como José Marins, Paulo Franchetti (com quem tive oportunidade de participar numa oficina de haicai no SESC Campinas), Celso Pestana e a Rosa Clement, que quando eu iniciei minha trilha de haijin na lista Haikai-L, dedicavam parte de seus preciosos tempos para analisar o que escrevia.

É isso, pessoal! :-)

5 comentários:

  1. Enfatizaria a foto. Me parece quase sempre um diálogo bastante promissor entre haiku e um (suporte) visual de impermanência.

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    1. Sim, o haiga mesmo é uma prova disso, quando ilustração e haicai eram "publicados" juntos e se complementavam. e nos dias de hoje é comum fotos acompanhando-os também.

      tem um livro interessante do Leminski, na parceria de não me recordo qual fotógrafo, chamado 40 Clics em Curitiba. É uma experiência no mínimo interessante :-)

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    2. Rafa, tudo bem? Quero lhe agradecer por ter voltado com o Hai-kais. E dizer que sua volta me inspirou novamente a escrever.
      Acabei de fazer um novo espaço só para eles. http://petalaperene.wordpress.com/
      Obrigado e abraço

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    3. Que ótimo, Karam! É uma honra saber que minha volta te inspirou. Você antes me inspirava, com seu blog Inspire Fundo hehehehe

      Abs!

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  2. Adorei vir aqui. Muito grata pelas preciosas dicas. Abraços.

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