quarta-feira, 16 de abril de 2014

Haicai da Morte: Mukai Chine

Mukai Kyorai, poeta japonês que foi um dos 10 discípulos de Bashô, tinha uma irmã mais nova chamada Chine, que também escrevia haicais. Ambos nasceram em Nagasaki na era Tokugawa, filhos de um famoso médico. Infelizmente, pouco se sabe sobre ela e sua obra, talvez ofuscada pelo brilho do irmão.

Mukai Kyorai, em ilustração de autoria desconhecida

No entanto, conta-se que quando Chine tinha por volta de vinte anos, ela e Kyorai viajaram juntos para o templo de Ise, e durante esse período ela compôs diversos haicais, considerados tão bons (ou melhor até) que os de seu irmão.

Por volta dos 28 anos, Chine veio a falecer e deixou o seguinte haicai:

se apaga
tão rápido quanto acende -
um vagalume

Kyorai escreveu um haicai após a morte da irmã e nele podemos ver um pouco da tristeza que o tomou:

triste contemplo
a luz se apagar em minhas mãos -
um vagalume.

Em seu livro de memórias, Kyorai conta que recebeu um poema de Bashô, quando estava a arejar o guarda-roupa da irmã. O haicai era uma homenagem a Chine:

arejando o manto
daquela que já se foi -
limpeza outonal


Referências:
Haiku: An Anthology of Japanese Poems, de Stephen Addiss
Japanese Death Poems: written by zen monks and haiku poets on the verge of death, de Yoel Hoffmann

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