Carlos Fleitas nasceu no Uruguai e, ainda hoje, mora ali, em Montevidéu. Além de haicaísta, também escreve outros tipos de poemas, além de prosa e ensaios, tanto em espanhol quanto em inglês. Sua obra literária está publicada somente na internet.
Adorei a descoberta. Não sei exatamente se é da língua espanhola ou sua maneira de escrever, os seus haicais me soam musicais, uma melodia suave e caliente:
luna llena
la luciérnaga al verla
se apaga
Tentando manter esta sonoridade, traduzo assim:
lua cheia
ao vê-la se apaga
o vagalume
Não sou de comentar muito sobre haicais (geralmente não passo do gosto-não-gosto) e não encontrei tantas informações biográficas sobre Carlos Fleitas (ele é casado, tem uma filha e é Diretor da seção em espanhol do site World Haiku Club).
Carlos Fleitas e família. Foto tirada do site MU Haiku. |
Por isto, vou compartilhar mais alguns haicais de Carlos Fleitas que adorei e traduzi. Ei-los:
ao amanhecer
o grito da gaivota
corta a névoa
janela aberta
em meu travesseiro
o céu de outono
outro ano mais
os perfumes dos jasmins
ao pôr-do-sol
chuva noturna
acompanhado pelas gotas
o insone
prazeres simples
o aroma de lavanda
e um gole de chá
Como nem tudo são pérolas, deixo aqui também deslizes. Ele chama de Haicais pela Paz, são bons tercetos, mas não diria que são haicais. Veja:
mísseis
milhares de pombas
em seu lugar
granadas
flores de ibisco
em seu lugar
metralhadoras
chuva sobre o telhado
em seu lugar
guerra
partidas de xadrez
em seu lugar
Se interessou? Visite o site dele. Há vários artigos sobre haicai e cultura oriental: http://usuarios.netgate.com.uy/carlosfleitas/
Show, apesar dos haikais pela paz não serem considerados haikai por você, frisemos a intenção dele.
ResponderExcluirSeria bom se a intenção bastasse. Haicai não tem nada a ver com proselitismo poético. O jeito de um haicaista falar de paz é outro. Eu prefiro haicais mesmo, como os do grupo do "céu de outono".
ResponderExcluirSim, sim, a intenção dele foi boa nos Haicais pela Paz. A defesa que ele faz destes tercetos é que os haicais são uma "reverência à vida", mas aí vem a questão também do modo de reverenciar... e nisso, ele falhou como haijin.
ResponderExcluirEu adoro seguir teu Blog porque é aqui que busco minhas informaçoes e me atualizo. Obrigada por mais esse post. Beijos.
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