tag:blogger.com,1999:blog-9726489674259360592024-03-13T14:24:59.914-03:00:: hai kais ::hai kais é um blog que reúne haicais ilustrados, artigos, fotografias, biografias, entrevistas, concursos e notícias ligadas a esta forma poética. Seja bem-vindo!Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/17534243749796451725noreply@blogger.comBlogger123125tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-18691843481332037802016-12-29T21:27:00.000-02:002016-12-29T21:27:13.547-02:00Haicai - Manhã de verão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Y0VbSVQsa8g/WGWXQ6hz9PI/AAAAAAAAEAs/mUUpjW7WsM4V3hGSAs7j5IiLuGYwTLLgQCLcB/s1600/haicai%2Bmanha%2Bde%2Bverao%2Btucano.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://1.bp.blogspot.com/-Y0VbSVQsa8g/WGWXQ6hz9PI/AAAAAAAAEAs/mUUpjW7WsM4V3hGSAs7j5IiLuGYwTLLgQCLcB/s400/haicai%2Bmanha%2Bde%2Bverao%2Btucano.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>manhã de verão</b> -<br />
o movimento na estrada<br />
asas do tucano<br />
<br />
***<br />
<br />
mañana de verano - <br />
el movimiento en la carretera <br />
alas de tucán<br />
<br />
***<br />
<br />
summer morning -<br />
the movement on the road<br />
wings of the toucan</div>
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<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-DNUjG8Cwtlo/U023ibrkOOI/AAAAAAAACfM/DQLzmMlxOkY/s1600/mukai+kyorai.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-DNUjG8Cwtlo/U023ibrkOOI/AAAAAAAACfM/DQLzmMlxOkY/s1600/mukai+kyorai.jpg" height="384" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mukai Kyorai, em ilustração de autoria desconhecida</td></tr>
</tbody></table><br />
No entanto, conta-se que quando Chine tinha por volta de vinte anos, ela e Kyorai viajaram juntos para o templo de Ise, e durante esse período ela compôs diversos haicais, considerados tão bons (ou melhor até) que os de seu irmão.<br />
<br />
Por volta dos 28 anos, Chine veio a falecer e deixou o seguinte haicai:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">se apaga<br />
tão rápido quanto acende -<br />
um vagalume</div><br />
Kyorai escreveu um haicai após a morte da irmã e nele podemos ver um pouco da tristeza que o tomou:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">triste contemplo<br />
a luz se apagar em minhas mãos -<br />
um vagalume.</div><br />
Em seu livro de memórias, Kyorai conta que recebeu um poema de Bashô, quando estava a arejar o guarda-roupa da irmã. O haicai era uma homenagem a Chine:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">arejando o manto<br />
daquela que já se foi -<br />
limpeza outonal</div><br />
<br />
<b>Referências:</b><br />
<i>Haiku: An Anthology of Japanese Poems</i>, de Stephen Addiss<br />
<i>Japanese Death Poems: written by zen monks and haiku poets on the verge of death</i>, de Yoel Hoffmann</div><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<i>Como já é tradição no <b>Templo Busshinji</b>, o evento de <b>Contemplação da Lua</b> ocorre agora em abril</i>.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_RS4E4pKyWw/UzV8nB47UkI/AAAAAAAACZU/RUaWx9hwWsw/s1600/lua+s%C3%A3o+paulo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-_RS4E4pKyWw/UzV8nB47UkI/AAAAAAAACZU/RUaWx9hwWsw/s1600/lua+s%C3%A3o+paulo.jpg" height="265" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto de <a href="http://www.flickr.com/photos/89016866@N05/8319220597/" rel="nofollow" target="_blank">Alessandro Carnevali</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
A lua é um tema muito caro aos haicaístas e o outono uma estação que carrega em si um clima mais introspectivo. Com isso combinado, <b>diversos poetas se reúnem todo ano para compor haicais tendo a lua de outono como inspiração, numa noite também com comes e bebes no Templo</b>.<br />
<br />
O <b>evento é aberto ao público</b>, não é necessário pagar entrada ou fazer inscrição. Mas quem quiser, pode fazer uma doação espontânea de qualquer valor para o templo budista para ajudá-lo a se manter :-)<br />
<br />
No site <b>Caqui</b>, que oferece apoio cultural ao evento, você pode saber como foram as edições anteriores além de poder ler os haicais compostos nas ocasiões, basta acessar:<br />
<a href="http://www.kakinet.com/lua/">http://www.kakinet.com/lua/</a><br />
<br />
<br />
<b>Informações sobre a Contemplação da Lua:</b><br />
<br />
15 de abril de 2014, terça-feira, 19h30.<br />
Espaço Cultural Soto-Zenshu -Templo Busshinji<br />
Rua São Joaquim, 285 <i>(Próximo ao Metrô São Joaquim)</i><br />
Liberdade, São Paulo/SP<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>ps: dia 15 de abril também é o dia do eclipse lunar total, que poderá ser visto no Brasil pela madrugada. Ele começa à 1h00 e termina às 8h, com bastante variações dependendo do local. Em São Paulo, o eclipe máximo deve ocorrer pelas 4h45.</i></blockquote>
</div>
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<br />
O haicai é um caminho muito pessoal e esta lista foi escrita para, mais do que indicar uma rota, trocar experiências depois nos comentários sobre se alguém já faz algo que citei, se realmente acha que ajuda, se tem outra dica e coisas assim :-)<br />
<br />
Então vamos lá:<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>1) compre um caderninho de anotações</b></span><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-tDGOWcgSeKM/Ut5q70RLZ0I/AAAAAAAACF4/wGwGfv48SU8/s1600/caderninho+de+haicai.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-tDGOWcgSeKM/Ut5q70RLZ0I/AAAAAAAACF4/wGwGfv48SU8/s1600/caderninho+de+haicai.JPG" height="333" width="500" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Como disse, escreva sem muita censura, para criar o hábito</td></tr>
</tbody></table><br />
O caderninho, em época de <i>smartphone</i>, poderia ser facilmente substituído por algum <i>app</i>, mas mesmo eu que sou um <i>geek</i>, confesso que ter adotado a escrita mesmo foi muito mais prazeroso e fácil. O importante é estar com ele fácil para onde for, e anotar todo haicai que lhe vier a cabeça. Acho importante que se frise: não precisa escrever um grande haicai, não se barre, ao menos não no começo, escreva livremente, haicais, senryus, para se acostumar.<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">2 - acompanhe blogs e sites sobre haicai</span></b><br />
Há vários que indico aqui no blog, ali na parte de <i>Parceiros, </i>o <b><a href="http://www.kakinet.com/cms/" target="_blank">Kakinet</a></b>, por exemplo, é o principal divulgador do haicai no Brasil e possui também uma lista de emails que vale a pena assinar. Todos que estão ali eu recomendo mesmo, mas siga os que mais lhe agradam. E <b>não deixe de pesquisar mais e mais, que esse mundão tem muita gente escrevendo</b>. Eu mesmo aqui no blog comentei certa vez de uns <a href="http://www.bloghaikais.com.br/2010/06/namaste-os-haicais-indianos.html" target="_blank">haicais indianos</a> muito interessantes que encontrei por aí :-)<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">3 - tire fotos</span></b><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-6bSRG2MdTwo/Ut5yb4SznwI/AAAAAAAACGI/1mjNgcvx6Fc/s1600/fotos+de+natureza+e+cotidiano.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-6bSRG2MdTwo/Ut5yb4SznwI/AAAAAAAACGI/1mjNgcvx6Fc/s1600/fotos+de+natureza+e+cotidiano.JPG" height="183" width="500" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">uma cachorrinha selvagem, um barco à sombra, um pássaro ladrão de ração. a nossa volta tem muita poesia</td></tr>
</tbody></table><br />
Quem pesquisa sobre <b>definições de haicai</b> volta e meia dá de encontro com explicações como "<i>o haicai é como fotografia, capta o instante e mostra sua sensibilidade na foto sem aparecer nela</i>". E é verdade em partes, pois ambos buscam o registro de um momento. Acho que a única diferença é o balanço entre contemplação e criatividade. Ao tirar foto, as pessoas costumam se preocupar: como vou captar isso de maneira criativa?, uma preocupação que não ocorre com muita frequência em haicaístas, que se preocupam muito mais em registrar algo que mexeu com seus sentidos. Mas como disse, é uma questão de balanço, e acredito que exercitar um lado melhore o outro.<br />
<br />
Hoje, todo smartphone tem uma câmera razoável. Se você tem um, deveria passear pelo <i>Instagram </i>e clicar mais coisas a sua volta. Como exercício, que tal também tentar transformar uma foto num haicai?<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">4 - pesquise haicais em outras línguas e os traduza</span></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-hL9aW9-0Odw/Ut58merRYkI/AAAAAAAACGY/vp3bDzoSArc/s1600/el+cocuyo+tablada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-hL9aW9-0Odw/Ut58merRYkI/AAAAAAAACGY/vp3bDzoSArc/s1600/el+cocuyo+tablada.jpg" height="158" width="500" /></a></div><br />
Com um pouco de conhecimento em qualquer língua, é possível usar esta dica. Serve como exercício de tradução e de aprofundamento em algum autor. Eu tenho um caderninho que dividi em inglês e espanhol, que são línguas que tenho certa afinidade, e nele eu copiei um moooooooonte de haicais que encontrei pela internet, tem o americano <b>Jack Kerouac</b>, o mexicano <b>José Juan Tablada</b>, o<a href="http://www.bloghaikais.com.br/2010/10/haicais-de-carlos-fleitas.html" target="_blank"> uruguaio <b>Carlos Fleitas</b></a>, o inglês <b>David Cobb</b>, o canadense <b>Bruce Ross</b>, enfim. Um bom lugar pra pesquisar haicais em outras línguas é a seção <b><a href="http://terebess.hu/english/haiku/haiku.html" target="_blank"><i>Haiku International</i> da Terebess</a></b>.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>5 - compartilhe!</b></span><br />
Acho que de tudo o que escrevi, essa é das mais importantes: <b>ao escrever haicais, compartilhe com outros haicaistas pedindo que eles avaliem como você poderia melhorar, o que eles acharam e referências</b>. Na lista da Kakinet, que citei acima, há muitas pessoas dispostas a ajudar e fazer críticas construtivas. Eu me considero razoável para escrever haicais, às vezes sai um que gosto, muitas não, mas estou sempre tentando, e não seria metade do que sou hoje sem os muitos conselhos de pessoas que considero mestres, mais que amigos, nessa arte, como <i><a href="http://www.bloghaikais.com.br/2010/01/panorama-do-haicai-nacional-jose-marins_31.html" target="_blank">José Marins</a></i>, <i>Paulo Franchetti </i>(com quem tive oportunidade de participar numa oficina de haicai no SESC Campinas), <i><a href="http://www.bloghaikais.com.br/2010/02/panorama-do-haicai-nacional-celso.html" target="_blank">Celso Pestana</a></i> e a <i><a href="http://www.bloghaikais.com.br/2010/03/panorama-do-haicai-nacional-rosa.html" target="_blank">Rosa Clement</a></i>, que quando eu iniciei minha trilha de <i>haijin </i>na lista <b><a href="http://www.kakinet.com/lista/" target="_blank">Haikai-L</a></b>, dedicavam parte de seus preciosos tempos para analisar o que escrevia.<br />
<br />
É isso, pessoal! :-)</div><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
bloghaikais.com.br</div>Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/00272646920738360986noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-17905852866548217342014-01-03T22:12:00.002-02:002014-01-03T22:29:23.833-02:00Conteúdo do Haicai - Haimi<div style="text-align: justify;">
Se haicai fosse uma droga, o <i><b>haimi </b></i>seria o princípio ativo. Se fosse um refrigerante, seria o <i>tssss </i>do abrir da tampa. Se fosse uma fruta, seria o sulco que escorre na primeira mordida. Ou ainda, se fosse uma mágica, seria o "<i>Aha!</i>" de quem reconhece o truque. <b>Haja metáfora para explicar o que é o haimi</b>!<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_5_XTxONH4A/Usc4t2VXDKI/AAAAAAAACCo/rz5DQ-XMYCw/s1600/foto+de+r+fishbulb1022+m%C3%A1gica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-_5_XTxONH4A/Usc4t2VXDKI/AAAAAAAACCo/rz5DQ-XMYCw/s400/foto+de+r+fishbulb1022+m%C3%A1gica.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Foto de <a href="http://www.flickr.com/photos/fishbulb1022/" rel="nofollow" target="_blank">fishbulb1022</a></i></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<i>Haimi </i>costuma ser traduzido como <i>"sabor do haicai"</i>, e é um negócio bem difícil de explicar ou mensurar, mas fácil de sentir. É aquilo que a gente não sabe o que é mas quando damos de cara com um logo dizemos: <i>"É isso! É ele! Que haicai!</i>".</div>
<br />
<div style="text-align: center;">
Chuva de primavera —<br />
Uma criança<br />
Ensina o gato a dançar.<br />
<b><span style="font-size: x-small;">Issa</span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O sabor do haicai nos provoca a participar da cena, a senti-la, com o perdão dos budistas diria que é um <b>satori de bolso</b>, é como disse a sra. Oda "<i>uma <a href="http://www.bloghaikais.com.br/2010/01/citacoes-i.html" target="_blank">provocação transcedental</a></i>". Difícil de descrever sem parecer piegas ou exagerado. É como tentar descrever o delicioso sabor de uma tangerina madura, falando nem parece tão bom.<br />
<br />
<blockquote>
"Apesar das várias regras, tem uma coisa intangível, da sensibilidade, que não tem como medir, que a gente chama de haimi, o sabor do haicai."<br />
<i><span style="font-size: x-small;">Alice Ruiz</span></i></blockquote>
<br />
Por isso, selecionei alguns haicais para vocês lerem vagarosamente, degustando o <b>sabor refinado da poesia de origem japonesa tão bem cultivado em terras tupiniquins</b>:</div>
<br />
<div style="text-align: center;">
quando percebi<br />
toda a avenida tinha<br />
se jacarandado<br />
<span style="font-size: x-small;"><b><a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com.br/" target="_blank">Sérgio Pichorim</a></b></span><br />
<br />
último jasmim<br />
primeira azaléia<br />
encontro no jardim<br />
<span style="font-size: x-small;"><b><a href="http://www.aliceruiz.mpbnet.com.br/" target="_blank">Alice Ruiz</a></b></span><br />
<br />
Mesmo com fome,<br />
Não se apressa como as outras<br />
A galinha manca.<br />
<span style="font-size: x-small;"><b><a href="http://paulofranchetti.blogspot.com.br/" target="_blank">Paulo Franchetti</a></b></span><br />
<br />
roupa no varal— <br />
a borboleta pousada <br />
na anágua da vovó<br />
<span style="font-size: x-small;"><b><a href="http://varaldehaicais.blogspot.com.br/" target="_blank">Nete Brito</a></b></span><br />
<br />
Noite fria e escura.<br />
Na memória, acendo<br />
o candeeiro de meu pai.<br />
<span style="font-size: x-small;"><b>Saulo Mendonça</b></span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
E quem buscava um texto mais teórico, me desculpe, quem sabe no próximo... <br />
<br />
<b>Leituras recomendadas: </b><br />
<a href="http://www.kakinet.com/caqui/desmandamentos.shtml" target="_blank">Os 10 desmandamentos do haicai</a>, escrito por Ricardo Silvestrin<br />
<a href="http://www2.uol.com.br/entrelivros/reportagens/haicai_a_insustentavel_leveza_do_zen_imprimir.html" target="_blank">Haicai, a insustentável leveza do zen</a>, escrito por Denise Góes</div>
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bloghaikais.com.br</div>Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/00272646920738360986noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-6046032115026971402014-01-03T14:05:00.000-02:002014-01-03T14:11:20.464-02:00Novo ano, novo layout<div style="text-align: justify;">
Conforme prometi na página do <a href="https://www.facebook.com/haikais/posts/680788348627588" target="_blank">blog no Facebook</a>, <b>esse ano retomarei as atividades por aqui, com novos haicais, artigos, entrevistas e revisando conteúdo já publicado também</b>. Não é fácil retomar projetos quando inventamos de ter um monte deles, mas com certeza este é o que mais senti falta no ano que se passou.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-wFgm_fgZdbw/UsbCRBFyPII/AAAAAAAACCU/HtBR9P3GI0U/s1600/logo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-wFgm_fgZdbw/UsbCRBFyPII/AAAAAAAACCU/HtBR9P3GI0U/s320/logo.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Agora que voltei pra casa, decidi redecorá-la. O <b>blog hai kais</b> está com <b>novo layout</b>, <b>novo logo </b>e ganhou também <b>domínio próprio</b>, <i><a href="http://www.bloghaikais.com.br/"><b>bloghaikais.com.br</b></a></i> e não mais <i>hai-kais.blogspot.com.br</i> que sempre achei meio chato o fato do endereço ser longo e pontuado demais :-)<br />
<br />
Me <b>digam o que acharam dessas mudanças</b> aí nos comentários e feliz ano novo para todos!<br />
_/\_</div>
<div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
bloghaikais.com.br</div>Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/00272646920738360986noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-88943649254992522832013-02-23T09:49:00.000-03:002013-02-23T09:49:55.950-03:00Haicais do Piauí com sabor de caju<div style="text-align: justify;">
<i>Colaboração de José Marins, com entrevista Teresa Cristina Cerqueira de Souza, a Flor de Caju</i><br />
<br />
Os haicais que li me chamaram a atenção para uma sintonia fina entre a vivência e o uso da linguagem na realização do poema. Quem seria a haicaísta que assina como Flor de caju, me perguntei? Teresa Cristina é de Piracuruca, norte do Piauí. Piracuruca, peixe que resmunga, é também o nome do rio que passa pela cidade. Ela é professora, formada em Letras, mãe e avó. A riqueza da paisagem, da flora e da fauna onde mora, pode ser notada nos haicais dessa colega que tem no diálogo com a natureza e com seus leitores a singularidade de sua poesia.<br />
<br />
<br />
<i><b>José Marins</b> - Seus haicais são portadores de uma delicada linguagem, uma simplicidade de mestra. Como foi que conheceu e desenvolveu seu gosto pelo haicai?</i><br />
<br />
<b>Teresa Cristina</b> - Falar de como conheci e me apaixonei pelo haicai, remete a dois homens que “conheci”. <br />
<br />
A primeira vez que vi Luciano Almeida foi em 2008, por volta do mês de março. Ele estava à uma mesa em um restaurante, folha de papel e caneta, mas o que me chamou a atenção foi o ato de ele contar sílabas com os dedos. Aquilo me atraiu e muito curiosa perguntei a uma amiga quem era aquele rapaz. “Um poeta.”, ela me disse, “Escreve uns poemas chamados haicais. Acho que ele conta a quantidade de sílabas para os versos”. Sim, literalmente ele contava sílabas poéticas. Ao chegar em casa procurei na Internet quem era Luciano Almeida e me encontrei com versos como este e uma forma toda particular desse haicaísta piauiense: <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Grafitada a rã<br />
Nas ruínas de algum templo – <br />
Súbito som de água.<br />
<i><span style="font-size: x-small;">Luciano Almeida (<a href="http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=26265&amp;categoria=T" target="_blank">outros haicais do autor</a>)</span></i></div>
<br />
Uma porta se abriu dentro de mim descobrindo sensibilidade e imagens que eu não julgava possuir. Então, precisei falar com esse poeta. E o fiz. Enviei-lhe um e-mail e depois de oito meses de conversa online eu estava em febre pelo haicai. E como Luciano postava no Recanto das letras, eu também o fiz. Bem, Luciano faleceu em fevereiro de 2009 e não teve tempo de saber que eu rabiscava meus haicais, inclusive, (risos) com o hábito de contar sílabas nos dedos). <br />
<br />
Uma aproximação com a Câmera Brasileira de Jovens Escritores no Rio de janeiro fez com que eu recebesse um e-mail de Djalma Stüttgen, em dezembro de 2009. Ele me enviou dois de seus livros em ebook: As Quatro Folhas e No Credo. <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
A densa neblina.<br />
Aumentam pela varanda<br />
Os focinhos amigos.<br />
<i><span style="font-size: x-small;">Djalma Stüttgen (do ebook As Quatro Folhas)</span></i></div>
<br />
Bem, após a morte de Luciano eu me sentia perdida, já que em minha cidade não conheço quem pratique esse tipo de poesia. Uma visão de outro poeta e um professor. Djalma me pediu que eu desfrutasse dos poemas. E me arrisquei a lhe enviar um haicai: <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Queimadas nas estradas<br />
<br />
Cigarro jogado<br />
O asfalto agoniza a dor<br />
Da mata queimando</div>
<br />
Djalma me falou: “Não precisa de título. É o carinho interno. Está tudo contido nos seus versos. A imagem e você”. Eu começava a compreender uma realidade que sempre esteve comigo, mas que estava guardada, que eu reconhecia nas imagens do lugar onde sempre vivi. Bem, Djalma ainda hoje é meu mestre virtual; ainda não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente. <br />
<br />
<i><b>JM -</b> Como você realiza os seus haicais com tantas vivências junto à natureza?</i><br />
<br />
<b>TC </b>- No Piauí, chamamos à época das chuvas de inverno e o tempo seco e quente de verão. Nos primeiros meses do ano, as borboletas amarelas invadem os matos, principalmente perto do rio onde cresci. Desse modo, minhas imagens da natureza têm muito de borboletas e flores. <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
As borboletas<br />
Praticam idas e vindas<br />
Em torno da flor</div>
<br />
Sei que o fio condutor de meus haicais é minha infância, tão cheia de brincadeiras infantis ao ar livre. Em um e-mail enviado a Djalma, com haicais dessas lembranças, recebi como resposta um incentivo a trabalhar esses conteúdos na escola. Veja:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Sem baladeira<br />
O curió canta livre<br />
Para os meninos<br />
<br />
Todos os olhares<br />
Para um barco de papel<br />
Aula interessante</div>
<br />
E Djalma: ”Você escreveu no quadro-negro? Isso educa. E a respeito do último, onde vai o seu pequeno barco?”. As ideias de meu amigo me levavam a querer ampliar minha visão de leitura do cerrado, da caatinga... do Brasil:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Dentro da floresta<br />
Um raio alcança<br />
Uma vitória-régia<br />
<br />
No alto da serra<br />
O verde desce num cipó<br />
E põe os pés no chão</div>
<br />
Ao que ele me respondia: “Teresa, vou ver o Sol. Vitória”. Era um estímulo, que me transformava em menina, em poeta:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Sploc sploc no banheiro<br />
Soltas nas pequena mãos<br />
Bolhas de sabão</div>
<br />
<i><b>JM</b> - Então, como professora, você tem uma prática do haicai com os alunos?</i><br />
<br />
<b>TC -</b> Desde que comecei a escrever haicais, em novembro de 2008, tenho buscado falar dessa poesia para os que me cercam. Procuro não fugir dessa essência que recebi. Os haicais são meus filhos, eu os pari e os mostro com orgulho. Assim, falo da vida que há neles:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Água do riacho<br />
O barquinho muda o rumo<br />
Nas mãos do menino<br />
<br />
Doce de goiaba<br />
As formigas andarilhas<br />
Movem-se na mesa<br />
<br />
Hora do recreio –<br />
O cheiro dos cajuís<br />
conquista os meninos </div>
<br />
A ideia é que meus alunos se encontrem na profundidade das palavras que estão num haicai. Hum, lembro-me de minha mãe quando lhe mostrei este:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Foto na parede<br />
A anciã de pé relembra<br />
Das negras madeixas </div>
<br />
As palavras dela: “Obrigada. Depois vou pedir uma remessa especial”. <br />
<br />
<br />
<i><b>JM</b> - Como você pensa um futuro para a sua produção haicaísta? Pretende publicar em livro o que já vem fazendo em blog?</i><br />
<br />
<b>TC </b>- Meu desejo é que as pessoas sintam a beleza, a delicadeza, as imagens, o diálogo que se tem com o haicai. Quero ter passos fortes para então correr atrás de um livro para publicar. E esse livro levará o nome de Cajuís. Sugestão de Djalma: “Cajus pequeninos, que são seus haicais, que agora ocorreu-me o nome de cajui, [do tupy akayu’i, ‘caju pequeno’.] S. m. ... (Aurélio), cujo cesto está repleto. Editado o seu precioso livro “Cajuis” mande-me um exemplar – exemplar”. Eu o farei. É uma promessa, meu amigo. <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Vento no capim –<br />
As borboletas sabem<br />
voar bem veloz</div>
<br />
Tenho a impressão de que como até hoje ainda vejo as mesmas borboletas de minha infância, isso sugere que estou indo... e vou conseguir ser uma haicaísta do Piauí. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-2J4NBbxbOR4/USi2IqyZ-TI/AAAAAAAABes/pR0JZJfJCrc/s1600/Teresa+Cristina+Flor+de+Caju_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-2J4NBbxbOR4/USi2IqyZ-TI/AAAAAAAABes/pR0JZJfJCrc/s400/Teresa+Cristina+Flor+de+Caju_2.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<b><span style="font-size: large;">Outros haicais de Teresa Flor de Caju</span></b>:<br />
<br />
Cajuís maduros –<br />
Reparto com os meninos<br />
Meu lanche da escola<br />
<br />
Início de junho –<br />
Com flores no cajueiro<br />
Penso já nos frutos<br />
<br />
Manhã de março -<br />
Os mandacarus abrem<br />
suas brancas flores<br />
<br />
O tempo das chuvas –<br />
As folhas ficam mais verdes<br />
por entre as flores<br />
<br />
Abre-se – o céu<br />
pois um bem-te-vi sozinho<br />
parece tão grande<br />
<br />
Flores de ipê –<br />
Enquanto o vento não vem<br />
enfeitam o chão<br />
<br />
Perfume de rosas –<br />
O calor da manhã tem<br />
Mais delicadeza<br />
<br />
Estrada de chão -<br />
Os jumentos passam lentos<br />
transportando palhas<br />
<br />
Esta tarde seca!<br />
As carnaúbas tão vazias<br />
Sem os bem-te-vis<br />
<br />
No mesmo lugar,<br />
um menino e uma árvore –<br />
Manhã agitada<br />
<br />
Noite de calor –<br />
E sem querer se calar<br />
um grilo no quarto<br />
<br />
Uma flor na água –<br />
Borboletas amarelas<br />
passam devagar<br />
<br />
Mesmo com calor<br />
é do céu da Caatinga<br />
este azul suave<br />
<br />
<br />
Blog de haicais da autora:<br />
<a href="http://teresacristinaflordecaju.blogspot.com.br/">http://teresacristinaflordecaju.blogspot.com.br/</a><br />
Contato: <a href="http://facebook.com/teresacristina.flordecaju">http://facebook.com/teresacristina.flordecaju</a><br />
<br />
José Marins, é escritor e haicaísta: <a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com/">http://fieiradehaicais.blogspot.com/</a></div>
<div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
bloghaikais.com.br</div>Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/00272646920738360986noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-82659604110545459952012-09-17T09:48:00.000-03:002012-09-17T09:48:10.086-03:00Entrevista: Os haicais que vêm com o vento sul<span style="font-size: x-small;"><i>Colaboração de <b>José Marins</b></i></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-VDuQXLHXWKY/UFcVHM-BVJI/AAAAAAAABV4/55uZNtFJ_x0/s1600/alvorecer+de+tramanda%C3%AD.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="http://4.bp.blogspot.com/-VDuQXLHXWKY/UFcVHM-BVJI/AAAAAAAABV4/55uZNtFJ_x0/s400/alvorecer+de+tramanda%C3%AD.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Não é todo dia que surge um poeta de haicai. Para esse tipo de poeta são precisos muitos anos, o observar das estações com sentidos hábeis e mente alerta, a escrita apurada que vem de insistente aprendizado, leituras e buscas.<br />
<br />
Quando comecei a ler os poemas de Luiz Gustavo Pires, tive a forte impressão de haver descoberto um poeta, a pedra preciosa depois de meticuloso garimpo. Com esta entrevista ele também se revela um joalheiro na mestria de afinado cinzel na poética de sua arte.<br />
<br />
Em seus dados nada de títulos, instituições, vaidades que tais. Apenas a claridade da sua poesia, a estrela que brilha em sua vida de poeta. Um livro, um prêmio. Gaúcho de Tramandaí, 50 anos, se autodefine como policial civil, poeta, companheiro, pai e amigo. <br />
<br />
<i><b>José Marins: </b>Como foi que conheceu o haicai e aprendeu a realizá-los tão bem?</i><br />
<br />
<b>Luiz Gustavo Pires:</b> Meu contato com o haicai foi no início dos anos 80. Lembro que li algumas traduções de haicais de Bashô, feitas por Olga Savary, na Biblioteca Pública de Porto Alegre. O primeiro haicai que me chamou a atenção foi este:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
trégua de vidro:</div>
<div style="text-align: center;">
o som da cigarra</div>
<div style="text-align: center;">
aturde rochas</div>
<br />
As imagens, cheias de símbolos, deixaram-me tonto. Muito em tão pouco. Por coincidência, também li esse haicai no livro Letra de Forma, de Osvaldo Cícero Wronski, poeta de Londrina/PR. Ler Paulo Leminski, na mesma época, Haroldo de Campos, Décio Pignatari , Octávio Paz, Ezra Pound e muitos outros, também me levou a desvendar o haicai. Me fascinou e eu me aprofundei. Tinha-se pouca literatura sobre o haicai no Brasil. Era difícil. Paulo Leminski foi um vetor. Lia sua poesia, seus haicais, e era aquilo que eu queria fazer. Em Porto Alegre, lembro, Mário Pirata, Ricardo Silvestrin, Alexandre Brito e outros, praticavam o haicai à moda leminskiana. Faziam poesia em mimeógrafo, cartazes e camisetas e vendiam pelos bares, praças e parques da Cidade. Daí, vieram os exercícios primeiros do poemeto. Meu primeiro quase-haicai, escrito em 1985, foi: <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
pé-de-vento</div>
<div style="text-align: center;">
a poeira anda nervosa –</div>
<div style="text-align: center;">
será o saci dentro?</div>
<br />
<br />
Vieram outros e mais outros. Adotei a idéia de quantidade primeiro. Mas a produção ainda era muito pequena. Depois veio a qualidade. Mestre Goga diz em Goga e Haicai – um sonho brasileiro:<br />
<blockquote class="tr_bq">
“não se preocupe com a qualidade, componha apenas“.</blockquote>
Eu já pensava dessa maneira, muito antes de lê-lo. Era assim com minha poesia. Claro, a qualidade para mim sempre foi imprescindível e passei a lapidar tudo o que escrevia. Lembranças de infância foram o ponto de partida, já que toda ela foi em contato direto com a natureza, em uma cidade do interior gaúcho, Rolante. Cheia de rios, riachos, morros, colinas, montanhas, florestas, campos, fauna e flora, clima e vivências. Tudo isso veio à tona. Eu lia tudo sobre poesia. Todos os poetas, brasileiros e estrangeiros e de todas as épocas. Do clássico ao concretismo. O que era bom eu absorvia. Com o tempo, tu bem sabes, vamos crescendo naquilo que fazemos. Comigo não foi diferente. Ao final dos anos 80 comecei a praticar o haicai com mais afinco. Foi quando saiu meu livro Quadrantal, não de haicais, mas de poemas mais concisos do que os que crio hoje. Minha poesia era urbana. Visceral. Era algo que eu trazia há muito dentro de mim, desde os meados dos anos 70, e resolvi publicá-los. Vencer o <i>Prêmio Mauá de Literatura</i> (Porto Alegre, 1989) me deu o empurrão necessário. Encantei-me com a palavra. Participei de encontros literários por aí afora, entrei em contato com diversas correntes da poesia, dentre elas o haicai. Em 1989, quando estava em Florianópolis lançando meu livro, fiz este haicai:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
árvore grande:<br />
nesta manhã de verão<br />
não há melhor sombra<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>[sob a figueira da praça XV em Florianópolis – verão/dezembro/1989]</i></span></div>
<br />
Este haicai foi um divisor de águas. Cresci muito em todos os sentidos. Mas sempre fui honesto comigo mesmo e autocrítico. Sou um homem tímido e muito reservado. Nunca projetei holofotes sobre mim. Tudo o que eu escrevia era guardado. Não mostrava a ninguém. E durante anos eu ficava sem escrever. De repente, voltava à ativa e (re)criava. Após um câncer de que fui acometido, atirei-me de corpo e alma à poesia. Resolvi mostrar o que sempre guardei, pois não sabia até onde iria. Nem minha esposa, Claudia, lia o que eu escrevia. Ela conhecia Quadrantal, mas os novos poemas e haicais veio a ler no ano passado. Foi quando ela passou a se interessar pela poesia e pelo haicai. Durante mais de 20 anos minha poesia hibernou. Me perguntei: por que guardar meus poemas e haicais? E hoje, estão aí em meus blogs, <a href="http://escarceunario.blogspot.com.br/" target="_blank"><b>escarceunario</b></a> (poemas), <b><a href="http://setecetaras.blogspot.com.br/" target="_blank">setecetaras</a></b> (haicais) e <a href="http://mantodeplumas.blogspot.com.br/" target="_blank"><b>manto de plumas</b></a> (tankas).<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<i><b>José Marins:</b> Nota-se em seus haicais e tankas, uma apurada técnica que resulta em uma poética de fina tessitura. Entretanto, você cita grandes poetas em suas leituras, mas nenhum mestre do haicai. Como se explica o desenvolvimento de sua arte haicaística?</i><br />
<br />
<b>Luiz Gustavo Pires:</b> Já havia lido muito sobre vários autores japoneses tradicionais. No Brasil são poucos os autores de <a href="http://hai-kais.blogspot.com.br/2010/07/que-e-tanca.html" target="_blank"><b>Tanka</b></a>. E poucos livros publicados. Gosto muito do que o paranaense Wilson Bueno escreveu. Considero um tankaísta de primeira qualidade com Pequeno tratado de brinquedos (1996) e Pincel de Kyoto (2008). Estou adorando essa nova prática. E procuro, quase sempre, adotar a métrica tradicional, 5-7-5 7-7. Os temas sim, são variados. Também me dou ao luxo de extrapolar todas as regras existentes e criar. O Tanka te dá liberdade de escrever e expor tuas idéias. Tuas metáforas, estas, que o haicai não consente. O simbolismo, surrealismo, cubo-futurismo e o concretismo fazem parte da minha escola. Metáforas, aliterações, assonâncias, sinestesias, alegorias, anagramas estão em meus poemas. Forma e fundo. Tudo isso faz com que o leitor se sinta aterrorizado, pensativo, cheio de fantasmas. Cabe ao poeta criar o maior número de fantasmas ao leitor, e este, interpretá-lo à sua maneira. Minha poesia toda é assim. São meus fantasmas sendo libertos e aterrorizando o leitor, que cria novos fantasmas dentro de si.<br />
<blockquote class="tr_bq">
Explicar a poesia não faz parte do processo. Não cabe ao poeta explicar o poema. Cabe a ele, criá-lo. O haicai está inserido nesse contexto. Não se explica. Se expõe. Se sugere o caminho. Possibilita-se um caminho e orienta-se o leitor até que ele materialize a idéia. Essa é a proposta do haicai.</blockquote>
Sou organizado, metódico, como bom virginiano, mas não ao extremo. Reacionário. Por vezes antagônico, o que me deixa louco comigo mesmo. Organizo meus poemas. Desorganizo-os. (Des)construo-os. Reconstruo-os. Levo o tempo necessário para amadurecê-los. E o engraçado é que, passado algum tempo, releio-os e quase sempre acrescento ou retiro alguma palavra de um poema. Acho que nunca os finalizo.<br />
<br />
Já com o haicai isso não ocorre. Quando a idéia é boa vou até o final. Quando sinto que é ruim não perco tempo e deixo de lado. Trago toda bagagem da vida para acrescer ao haicai. Nem sempre tudo o que escrevo é um haicai. Alguns são tercetos ou triversos, como tu chama (gosto deste termo). Às vezes me pergunto se o que escrevo é haicai. Escrevo a cena inteira e daí parto para a concisão. A busca é sempre pelo inédito. O haicai quase sempre sai pronto. Sou um autodidata. E talvez, por ser autodidata no haicai, eu tenha sido perseverante mais do que outros, que buscaram ajuda em oficinas de haicais ou tiveram seus mestres. Meus mestres foram a leitura e a perseverança. Foram anos de tentativas e de prática. De muitos erros e acertos. De várias observações. E mesmo assim continuo errando, pois me considero um aprendiz na arte de fazer haicai. Humildade: creio que esse seja o segredo. Digo para os iniciantes: humildade, observação e percepção. Ouvir, ver, falar, sorrir, cheirar, tocar, chorar, sentir. Abrir os olhos para tudo e todas as coisas que estão ocorrendo. Observar todos os instantes. Os sentidos. Fechar os olhos e sentir o vento. O frio e o calor. Tocar uma flor, uma folha. Voar com uma borboleta. Tocar a água do riacho, do mar, da poça d’água. Ver a lua em todos os instantes, inclusive na poça d’água. Ouvir o canto dos pássaros. O ruído dos insetos. O som das ondas do mar. Sentir o gosto da névoa da aurora. Os remos tocando a lagoa. Ouvir o silêncio. Mirar os campos e as montanhas distantes. Penso que era assim que os grandes mestres do haicai, Bashô, Issa, Buson, Shiki e tantos outros, vivenciavam a natureza, infinitamente mais do que nós hoje vivenciamos, e criavam seus haicais. Praticar o haicai tradicional sentado numa cadeira é possível, mas me soa artificial. O bom haicaísta percebe essa diferença. Como escrever sobre a neve se nunca a vivenciou? Sobre a geada, se nunca caminhou sobre ela? Para mim, o contato direto com a natureza é primordial para um bom haicai tradicional. Os clichês estão aí por todos os lados. Pobres libélulas, vaga-lumes, flores de cerejeiras, jogadas ao léu por poetas em seus poemas, quando nunca em momento algum foram contempladas por eles. O haicai se popularizou de tal forma, que vejo um processo de banalização dele. Os Mestres todos estão se revirando nas covas. Vejo o haicai muito engessado. É fácil para um principiante realizar um haicai, pois tudo me soa muito mecânico. Falta-lhes profundidade e percepção dos sentidos. Imaginação. Parece-me que as regras ditam o haicai. Mas, tudo é mutável para o bem da poesia. Novas correntes e novos movimentos surgem de tempos em tempos. A arte em geral, sofre altos e baixos. Sofre invasões. Tudo é benéfico para a poesia. Ao haicai também. Acho que o caminho da poesia e do haicai, é a reinvenção. <br />
<br />
<i><b>José Marins:</b> Você é um haicaísta profícuo, fecundo. Qual será o futuro de sua produção? Seus planos?</i><br />
<br />
<b>Luiz Gustavo Pires:</b> Minha fecundidade vem da necessidade de escrever. Minha produção é grande, mas procuro sempre fazê-la com qualidade. Claro, nem tudo que posto no Facebook ou em meus Blogs tem valor literário, mas é gratificante. Me faz pensar. E os leitores pensarem. Hoje, por exemplo, meu tempo está todo voltado para o haicai e o tanka. Deixei um pouco de lado meus poemas. Escrevo haicai porque estou sempre ligado. Vivencio o haicai a todo instante. Dirijo o carro e observo tudo à minha volta. Da mesma forma quando caminho. Fotografo e já penso num haicai. Abro a janela e visualizo as imagens. E se vejo um haicai, imediatamente guardo-o em minha mente e depois transponho para o papel, no caso, o computador. Já os tankas são retratos do diário/cotidiano e do passado de muitos conflitos. Quanto ao futuro, pretendo lançar um livro de haicais: Telhado de Vidro, que está sendo gestado. O nome vem do telhado do jardim de inverno da nossa antiga casa, uma chácara na Serra Gaúcha, onde durante 10 anos, em meio a natureza, vivenciei e criei muitos haicais. <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
a lua cheia</div>
<div style="text-align: center;">
do telhado de vidro</div>
<div style="text-align: center;">
devagar se retira</div>
<br />
Não pretendo vendê-lo. Tenho a idéia de encaminhar para Bibliotecas de Escolas, talvez com palestras sobre o haicai. Levá-lo às crianças. Presentear amigos poetas e não poetas. Enfim, tenho um árduo caminho até deixar o livro pronto. E penso que será o único que escreverei sobre haicai. Aí vou me dedicar aos poemas, onde tenho outros 4 livros praticamente prontos. Quem sabe, num futuro próximo, um livro de Tankas; mas preciso amadurecer. Tenho a idéia também de um livro sobre Haigas. Estou pesquisando. Antigos e modernos. Mas esse é um trabalho bem mais complexo. Talvez, com parceria. São planos. E como planos, podem sofrer alterações ou nunca saírem do plano das idéias.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-AzehHIUhCRs/UFcUOf3WhtI/AAAAAAAABVw/7YiE6a-PiOc/s1600/luiz+gustavo+pires.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-AzehHIUhCRs/UFcUOf3WhtI/AAAAAAAABVw/7YiE6a-PiOc/s320/luiz+gustavo+pires.jpg" width="218" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Mais haicais de Luiz Gustavo Pires:</b></span><br />
<br />
vai-se o agosto -<br />
em meus antigos poemas<br />
as nuvens cinzentas<br />
<br />
hoje o inverno<br />
não me causa desconforto -<br />
os velhos amigos<br />
<br />
tarde de agosto –<br />
continua o vento de ontem<br />
a soprar as folhas<br />
<br />
nas ondas do mar<br />
minha sombra se afoga -<br />
entardecer de inverno<br />
<br />
agosto cinzento –<br />
nem o vento insistente<br />
tira o sono do cão<br />
<br />
chuvas que não vêm -<br />
nesses dias amornados<br />
o inverno fenece<br />
<br />
também já se movem<br />
as sombras nas paredes -<br />
gélida manhã<br />
<br />
ameixa-amarela -<br />
minha parceira de viagem<br />
na estrada vazia<br />
<br />
dias alongados -<br />
também já cresce o bigode<br />
do filho mais novo<br />
<br />
imerso em silêncio<br />
já nem me lembrava mais<br />
da mosca de inverno<br />
<br />
noite acolhedora -<br />
na xícara de café<br />
bebo o luar de inverno<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Tankas de Luiz Gustavo Pires:</b></span><br />
<br />
segue seu rumo <br />
após tanta atribulação <br />
o gavião exausto <br />
a escuridão se une a mim <br />
na borda deste penhasco<br />
<br />
em minha viagem <br />
espalhado pelos campos <br />
há um vento cortante <br />
encharcado de saudades <br />
ouço o rumor da tua voz<br />
<br />
olho à minha volta <br />
e só vejo a estiagem <br />
que cobre os campos <br />
sinto a falta da tua presença <br />
nesta tarde de inverno <br />
<br />
à beira da estrada <br />
ainda repousa o espantalho <br />
no milharal seco <br />
esta é uma noite de luar <br />
pra ler sua carta de amor</div>
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bloghaikais.com.br</div>Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/00272646920738360986noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-862016868567783942012-05-07T10:06:00.000-03:002012-05-07T10:06:39.498-03:00Haicai - Lua de Outono<div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-pX3N3lRRvWQ/T6a2nBMUhJI/AAAAAAAABGQ/AA8AEqyrQBo/s1600/haicai+-+lua+de+outono.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="http://2.bp.blogspot.com/-pX3N3lRRvWQ/T6a2nBMUhJI/AAAAAAAABGQ/AA8AEqyrQBo/s400/haicai+-+lua+de+outono.JPG" width="400" /></a></div><br />
noite em claro -<br />
pai e filho observam <br />
a lua de outono</div><br /><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<div style="text-align: center;">lembrança de menino<br />
fazendo cócegas na mão<br />
a cauda do girino</div><br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Publicado originalmente no <a href="http://e-chaleira.blogspot.com/2011/10/haicai-de-primavera.html" target="_blank">blog De Chaleira</a>.</span></i><br />
<br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<b>Neste sábado dia 22 a rádio CBN voltou a falar sobre haicai, numa discussão interessante com meu querido <a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/01/panorama-do-haicai-nacional-jose-marins_31.html" target="_blank">José Marins</a> e <a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/05/haicai-nacional-sergio-pichorim.html" target="_blank">Sérgio Pichorim</a> sobre o projeto Fieira de Haicais.</b><br />
<br />
Ouça abaixo a matéria:<br />
<br />
<iframe bgcolor="#CCCCCC" frameborder="0" height="193" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="http://www.cbn.com.br/Player/player.htm?audio=2011%2Fcolunas%2Fblogueiros_111022&OAS_sitepage=cbn/programas/revistacbn" width="400"></iframe><br />
<br />
E não deixe de visitar o <b><a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com/" target="_blank">blog Fieira de Haicais</a></b>, cujos haicais encadeados já chegaram ao número 440:<br />
<div style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Tarde bem-te-vi.<br />
Um filhote, sua mãe<br />
e o gato em fuga.<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Sérgio Pichorim 07-10-11</span></i></div><br />
<i>ps: peço desculpas aos meus leitores por estas pausas longas que tenho dado entre um post e outro. Espero que isso acabe, vamos ver se tomo jeito dessa vez :)</i></div><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
<div style="text-align: justify;">Quem se interessa pelo haicai descobre que é um poema dedicado à natureza, ao meio ambiente (para usar uma expressão da atualidade).<br />
<br />
O leitor de livros de haicai exigente procura saber mais do pequeno poema, conhece dele a estrutura (redondilhas menores e maior), a ausência de rimas, mas conta os sons na métrica, dispensa o título, privilegia a linguagem simples. <br />
<br />
Nota que o poema traz um efeito, um sentido no leitor, nas leituras sugeridas, seja uma cena, uma ação, um gesto, um canto de pássaro, o zinir do vento, o prateado do orvalho. <br />
<br />
O haicai é um diálogo.<br />
<br />
O poeta já se foi e deixou um bilhete, o poema, aos olhos do leitor. Captar o sentido que nem sempre está explícito, porque pode estar sugerido, é o deleite de sua leitura. <br />
<br />
<blockquote>O poeminha não é feito de mínimo para alcançar o máximo. A pequenez de seus três versos busca a brevidade do instantâneo, o sucinto, o essencial. Ele não busca o máximo de sentidos, mas tão somente um número limitado de efeitos de si para quem o lê. Às vezes apenas aponta para um cisco na cena. Os grãos amarelos de pólen nas patas pretas da abelha. </blockquote><br />
O fulgor do haicai, que pode durar séculos, é o de uma estrela cadente, o piscar do pirilampo na escuridão, o som da rã ao mergulhar.<br />
<br />
Quem quiser polissemia de palavras, múltiplos significados metafóricos, infinitas leituras, deve buscar outro tipo de poema. O haicai não existe para significar issos e aquilos, não há interpretação para se fazer, nem sentidos ocultos. O que temos para ler do poeminha está nele, brilhando como uma gota de orvalho que de súbito escorrega de cima de uma folha.<br />
<br />
Se tivéssemos que conhecer todos os contextos, as cenas haicaísticas, os momentos, dos quais se capturaram os haicais, não poderíamos ser seus leitores. <br />
<br />
O pertencimento a uma estação ou a outra é dado pelo <a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/04/conteudo-do-haicai-kigo.html%20" target="_blank">kigo</a>. O termo sazonal que nada explica, mas situa a vivência do poeta e a ecologia do poema. Mas ninguém é obrigado a saber a lista de termos de estação para ler haicai.<br />
<br />
Um chavão entre os poetas do haicai, que soa como advertência, é: o haicai que precisa de explicação, não é um bom haicai. <br />
<br />
Porém, confesso: como leitor eu gosto de explicações e histórias a respeito de haicais.<br />
<br />
Assim, por exemplo, quando leio este haicai de <b>Bashô</b>:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">vai-se a primavera –</div><div style="text-align: center;">os pássaros lamentam-se,</div><div style="text-align: center;">os peixes choram</div><br />
O poema tem o suficiente, funciona sozinho e sustenta a minha leitura. Mas é inegável haver nele uma atmosfera dramática. Seria o exagero uma antevisão do inverno que se avizinha? <br />
<br />
Um tradutor espanhol (Fuente) escreveu: “O final da primavera entristece Bashô, que sente as aves e os peixes participarem de seu sentimento.” Pode ser.<br />
<br />
Entretanto, este poema inaugura aquela que é considerada a mais importante viagem deste poeta peregrino. Quando está prestes a partir, ele sente tristeza e apreensão. Os amigos o acompanham em barcos até o início do caminho por terra. Ali ele se despede com “lágrimas de adeus”. Depois de anotar o poema, Bashô escreve no diário: “<i>Este poema foi o primeiro de minha viagem. Pareceu-me que eu não avançava ao caminhar. Tampouco as pessoas que tinha ido se despedir de mim se afastavam, </i>(...)”<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-YCr8BbvtTc0/TjcFvQofaJI/AAAAAAAAAQs/cANAS4cu0_k/s1600/matsuo+basho+autor+anonimo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-YCr8BbvtTc0/TjcFvQofaJI/AAAAAAAAAQs/cANAS4cu0_k/s1600/matsuo+basho+autor+anonimo.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustração retratando Bashô, autor anônimo.</td></tr>
</tbody></table><br />
<br />
Querer que o haicai seja outra coisa que não ele mesmo, com suas características técnicas e artísticas, é a pior forma de leitura que se faz, infelizmente, do poema. Compará-lo, por exemplo, à arte plástica para dizer que o haicai é muito “figurativo” e pouco “abstrato”, é uma forma de ignorar a riqueza de sua linguagem. Ou não teríamos um haicai, por exemplo, como este de Bashô:<br />
<br />
escurece o mar – <br />
a voz dos patos selvagens<br />
vagamente branca<br />
<br />
Aqui o poeta contrasta o escuro do mar com o branco dos gritos dos patos, ou seja, utiliza da sinestesia, um recurso sofisticado da linguagem.<br />
<br />
<b>Não estou dizendo que o haicai tenha que ter sofisticação. Sua afirmação como poema específico na poesia universal é secularmente definida. Sua linguagem continua sendo simples, nossas leituras é que precisam ser aprimoradas.</b><br />
<br />
noite de invernia – <br />
o silêncio por pouco<br />
sem o som do rio<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>josé marins</i></span><br />
<br />
-------------<br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">José Marins, é escritor e haicaísta</span></i><br />
<a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com/"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">http://fieiradehaicais.blogspot.com</span></i></a></div><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
<b>Edson Iura é editor do site <a href="http://www.kakinet.com/" target="_blank">Caqui</a>, atual administrador do <a href="http://www.kakinet.com/lista/" target="_blank">fórum Haikai-l</a>, curador da página Haicai Brasileiro do Jornal Nippak e também um dos organizadores do Encontro Brasileiro de Haicai, além de sua atuação como jurado em diversos concursos de haicai no Brasil.</b><br />
<br />
Ah, quase me esqueci de dizer: ele foi a maior inspiração pra criar esse blog. Agora sim, dito tudo isto, vamos a entrevista? ;)<br />
<br />
********************************************************************************** <br />
<br />
<i><b>Rafael Noris - </b>Como você conheceu o haicai?</i><br />
<br />
<b>Edson Iura -</b> Lembro-me de meu avô como praticante de uma misteriosa arte japonesa chamada <i>haiku</i>. Quanto a mim, entre os vinte e os trinta anos, interessei-me por escrever poesia. A essa época, meus poemas eram sempre muito curtos. Foi então que, eventualmente, descobri traduções de haicais japoneses e que, além disso, existia gente escrevendo haicais em português. Atraiu-me no haicai a possibilidade de versejar de maneira mais orgânica, dentro dos parâmetros de uma forma tradicional. Descobri <i>Bashô</i>, <i>Paulo Franchetti</i>, o <i>Encontro Brasileiro de Haicai</i>, <i><a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/05/haicai-nacional-francisco-handa.html" target="_blank">Francisco Handa</a></i>, o <i>Grêmio Haicai Ipê</i> e <i><a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/05/masuda-goga-discipulo-de-basho.html" target="_blank">Goga Masuda</a></i>, nessa ordem, e, desde então, vou por esse caminho.<br />
<br />
<i><b>RN - </b>Aliás, este caminho tem ajudado muitas outras pessoas: você acabou criando o site Caqui e hoje é moderador do grupo virtual Haikai-l, duas importantes referências quando o assunto é haicai e a produção destes no Brasil. O que te motiva a divulgar este tipo de poesia?</i><br />
<br />
<b>EI -</b> O que me motiva a divulgar o haicai é compartilhar o meu interesse no assunto com um público mais amplo, quiçá o mundo inteiro, o que, teoricamente, seria possível com a internet. A nível prático, contento-me em divulgar o haicai entre os falantes da língua portuguesa, o que começou em 1995, com o início da operação da internet comercial brasileira. Nessa época, descobri o que era uma "home page", aluguei espaço num servidor e comecei a praticar meus conhecimentos de html. Em fevereiro de 1996, pus o <i>Caqui</i> no ar, o primeiro sítio sobre haicai em português da internet. O professor <i>Paulo Franchetti</i>, da Unicamp, estudioso de haicai e entusiasta das novidades tecnológicas, acabou encontrando-me em suas navegações pelo recém-desbravado ciberespaço, e passamos a trocar ideias sobre uma lista de discussão de haicai. Ele se encarregou de abrir uma lista no servidor da Unicamp e, em abril de 1996, nasceu a <i>Haikai-L</i>, o primeiro fórum de haicai da internet lusófona.<br />
<br />
<i><b>RN -</b> Os seus haicais seguem uma orientação tradicional, mas no Caqui você também expõe os mais diversos estilos de haicai praticados no Brasil. Como você vê essa coexistência de estilos tão diferentes (às vezes até conflituosos)?</i><br />
<br />
<b>EI -</b><br />
<blockquote>Enquanto gênero literário, o haicai não tem dono. Ao mesmo tempo, recuperando uma frase do Mestre Goga, "o dono do haicai é o próprio autor", isto é, cada um escreve de acordo com seus valores.</blockquote>Não me passa pela cabeça censurar este ou aquele entendimento sobre o assunto. Tenho cá minhas ideias, que partilho com quem quiser ouvir.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-uL7p8sfIXV4/ThYRwjEJUvI/AAAAAAAAAPU/9bwYO_srNAw/s1600/edson+iura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-uL7p8sfIXV4/ThYRwjEJUvI/AAAAAAAAAPU/9bwYO_srNAw/s400/edson+iura.jpg" width="297" /></a></div><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>Haicais de Edson Iura:</b></span><br />
<br />
Vento de inverno.<br />
O gato de olho vazado<br />
procura seu dono.<br />
<br />
Procurando pouso<br />
na rua movimentada,<br />
borboleta aflita.<br />
<br />
O mendigo sonha<br />
entre sacos de lixo<br />
e flores de ipê.<br />
<br />
Conversa animada...<br />
Na marquise, dois mendigos<br />
entre cobertores.<br />
<br />
Caminhão se vai-<br />
De uma nuvem de fumaça<br />
uma borboleta</div><br><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
**********************************************************************************<br />
<br />
<b>GUIN GA, O CAPITÃO DOS MARES HAICAÍSTICOS</b><br />
Por José Marins<br />
<br />
<b>Aprendi a admirar o Douglas Éden Brotto, o nosso Guin Ga (nome haicaístico), desde que me integrei à lista Haikai-l, em 2000. Pesquisei os mais participantes do fórum e descobri que ele é o que mais contribuiu. Sua marca sempre foi o diálogo e a camaradagem, traço de seu cavalheirismo. </b>Suas postagens colocaram ao nosso alcance os teóricos estrangeiros do haicai, além de seus próprios ensaios, reflexões e questionamentos. <br />
<br />
Douglas auxilia o desenvolvimento de três grêmios de haicai, o Ipê (SP) desde 1988, o Caleidoscópio (SP, desde 1998) e o Águas de março (RJ), desde a fundação (2008). É Capitão da Marinha, graduou-se Antropologia, Pedagogia e Direito, e fez mestrado em Administração na Fundação Getúlio Vargas.<br />
<br />
Fiquei animado com a entrevista, enviei as perguntas, mas ele preferiu um depoimento. Com a palavra, Guin Ga:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">***</div><br />
“Foi numa tarde quente de 1986, típica de São Paulo, estava nos arredores da igreja de Santa Cecília procurando uma peça p'ro meu velho Doginho 60 quando, numa banca de jornal, chamou-me atenção um tablóide chamado Portal.<br />
<br />
Folheei-o, curioso de cultura e história do Japão que sou, e chamou-me a atenção o nome de seu editor, <a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/05/haicai-nacional-francisco-handa.html">Francisco Handa</a>. Procurei-o na redação, na Liberdade, e pedi-lhe que me desse sua opinião sobre um texto de minha autoria. <br />
<br />
Tratava-se do esboço da história de uma família sansei, um imbroglio de etnias, suiço-alemã-japonesa e paulista, apenas, para não ir mais fundo. O sr. Handa leu-o com atenção, pigarreou e manifestou curiosidade, pedindo-me que falasse mais sobre o assunto. Após, pediu que desenvolvesse mais o tema, e enviasse o texto pelos correios. <br />
<br />
<blockquote>Fiz uma assinatura do Portal e aguardei a publicação. Após uns meses sem publicação nem resposta, liguei ao Handa e, desabridamente, indaguei: "Como é?". Respondeu-me que estava aguardando a criação de nova editoria, que seria estrelada pelo meu artigo. Mais alguns meses e nada... Outra ligação e ele pediu-me "<i>gaman</i>", (paciência em Japonês). Conversa fiada, esse japa está me enrolando... Gaman por gaman, convido-o para conhecer a família sansei e afogo-o nas águas do Riacho da Paciência, e aí ele vai perceber que minha "<i>gaman</i>" acabou...</blockquote><br />
<blockquote>Outra viagem a Sampa e eis-me subindo, mais uma vez, a velha escada do <i>Diário Nippak</i>. Percebendo que minha <i>gaman</i> estava no fim, Handa ofereceu-me cursos de aprendizado de Japonês, de "<i>kanji</i>" artístico, <i>origami</i>, <i>sumi-ê</i>, <i>kiri-ê</i>, excursões com um grupo leigo de Ciências Naturais, e vai por aí... Minha irritação ficou patente quando mencionou o <i>ikebana</i>. Mas o camelô cultural – futuro monge Zen – foi esperto, e antes que eu esboçasse reação arregalou os olhos e falou: "<i>Haikai</i>...!<i> Haikai</i>!" </blockquote><br />
Conhecia o haikai de um livro do <i>Jacy Pacheco</i>, que fazia parte da trinca de haikaístas papagoiabas, digo fluminenses, em Niterói: Jacy, bancário aposentado, <i>Lyad de Almeida</i>, Juiz de Direito, e <i>Pimentel</i>, Jornalista com letra maiúscula e poeta por profissão, que vive aos 100 anos. Mas esse contato com o haikai foi muito ligeiro: nas páginas do "<i>Haikais</i>", do Jacy, deixei à lápis, uns vinte de minha autoria, após ler os impressos. Esqueci do assunto, até ouvir o brado salvador de Handa.<br />
<br />
Falou-me que estavam formando um grupo de estudos e prática do haikai, para o qual me convidava. Foi a fase do <i>Prof. Roberto Saito</i> como orientador, um sábado ao mês, em reunião à tarde, ali mesmo na redação. Um velhinho japonês, que conheci mais tarde – não, ainda não era o <i>Goga</i> – traduzia haikais em japonês para u'a minúscula seção no Portal. <br />
<br />
E toca a subir novamente a rangedoura escada de madeira, em calorentas tardes de sábado, uma vez por mês. As primeiras "aulas" foram teóricas, lia-se e falava-se sobre o que era o haikai, por vezes um clássico era posto em discussão. Após a 3ª ou a 4ª aula, expliquei aos participantes que obrigações me prendiam à Niterói, que me avisassem quando começassem de fato a praticar o haikai. Assim, após um breve período de ausência, voltei àquela convivência, já numa sala de aula na <i>Aliança Cultural Brasil-Japão</i>. Desde então decorreram quase três décadas, quando passei a conhecer outros participantes, como o <i>Goga</i>, o <i>Edson</i>, a <i>Teruko</i>, o <i>Alberto</i>, amigos que muito me ensinaram, sem esquecer o Handa, hoje querido monge Zen, a quem devo essa interessante participação na cultura japonesa .<br />
<br />
Quanto à participação no <i>Grêmio Haicai Ipê</i>, nenhum dos atuais haikaístas são fundadores, nem eu, nem o Goga. Só conheci dois deles, o Saito, já em outra, decepcionou-se em um encontro anual quando soube que os convites para conhecidos haikaístas sulamericanos, pela negligência de alguém, deixaram de ser postados; e o Handa, que não é um simples fundador, mas o estrategista que, modestamente, dirigiu a fundação. Não fosse seu intenso horário de trabalho no<i> Templo Busshinji</i>, tenho certeza de que participaria mais das reuniões e encontros. Ele colabora para os <i>tsukimi</i> (contemplação da lua) intensamente, todo início de outono. (Dispenso-me de comentar a importância do Grêmio para mim, após tudo que falei acima).”<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/--WuLZ0hOFlk/Tcs8VO9TfdI/AAAAAAAAAJw/-BYBoHaJ_4Q/s1600/douglas+eden+brotto+guin+ga+haicai+.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/--WuLZ0hOFlk/Tcs8VO9TfdI/AAAAAAAAAJw/-BYBoHaJ_4Q/s400/douglas+eden+brotto+guin+ga+haicai+.jpg" width="300" /></a></div><br />
<br />
<b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">Haicais de Guin Ga:</span></b><br />
<br />
Penumbra nos bosques<br />
ao escachoar dos riachos...<br />
Ah... a primavera !<br />
<br />
Fins de setembro –<br />
Na maré de lua cheia<br />
os peixes pululam...<br />
<br />
Outra vez na estrada...<br />
Os dias vão se alongando<br />
e meus pés mais trôpegos.<br />
<br />
Vale do rio do Peixe –<br />
Nos confins do mês de março<br />
colhem-se as uvas...<br />
<br />
Ah, que noite quente !<br />
De manhã, junto à lanterna<br />
asas de cupim...<br />
<br />
Verão, meio-dia.<br />
O cheiro das ervas ao sol<br />
no terreno baldio...<br />
<br />
Na olaria, os cântaros<br />
ecoam a chuva de outono...<br />
O gato ressona.<br />
<br />
Igreja apinhada...<br />
O padre ordena aos fiéis<br />
que abaixem os ramos !<br />
<br />
Noite alongada.<br />
Perambulo pela casa<br />
e o gato me segue...<br />
<br />
Porteiro do prédio<br />
sai de seu frio cubículo<br />
e põe o canário ao sol...<br />
<br />
No espelho d'água,<br />
trêmula, a lua de inverno<br />
oculta a sua face...<br />
<br />
Na réstia de sol<br />
sobre o branco do açúcar<br />
o zum-zum de abelhas...<br />
<br />
-------------<br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">José Marins, é escritor e haicaísta</span></i><br />
<a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com/"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">http://fieiradehaicais.blogspot.com</span></i></a></div><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
bloghaikais.com.br</div>Rafael Norishttp://www.blogger.com/profile/00272646920738360986noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-972648967425936059.post-69383824989153364942011-05-31T18:55:00.001-03:002011-05-31T18:58:50.685-03:00Sérgio Pichorim lança novo livro de haicais<div style="text-align: justify;">A maioria dos haicais deste livro segue o estilo clássico. A vivência é um fino traço no haicai de Matsuki. Ele escreve o que a percepção recortou da cena haicaística. Nos seus poemas, o senso do haicai são notações nítidas de uma sensação dos sentidos, ou do sentir, pensar e agir do poeta, com uma técnica apurada.<br />
<br />
Este é o terceiro livro individual do autor, fruto de uma caminhada haicaística de estudo e dedicação permanentes. Dessa forma, <a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/05/haicai-nacional-sergio-pichorim.html" target="_blank">Sérgio Francisco Pichorim</a>, demonstra seu aprimoramento, a elaboração do estilo, o amor pela natureza e a conquista de uma voz própria de poeta.<br />
<br />
<span style="font-size: large;">Alguns <b>haicais do livro Luar de Abril</b>:</span></div><br />
As mudas de flores<br />
no canteiro renovado.<br />
A tarde se alonga.<br />
<br />
Pétalas ao chão.<br />
Mesmo uma suave brisa<br />
leva-as para longe.<br />
<br />
Clareia a noite.<br />
Um... dois... três... quatro<br />
e eis o trovão.<br />
<br />
O cair da noite.<br />
Junto à conversa dos amigos<br />
cantos de cigarras.<br />
<br />
Grilo insistente.<br />
Parece que a minha cama<br />
está no jardim.<br />
<br />
Um liquidâmbar.<br />
Ficou mais vermelho<br />
o entardecer.<br />
<br />
Tarde de inverno.<br />
O olhar da velha senhora<br />
longe no horizonte.<br />
<br />
Tá, tá, tá, tá, tá...<br />
e as crianças alegres.<br />
Noite de São João.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-d8qOpBozk98/TeVf5mwDvpI/AAAAAAAAAKs/eTZCLtdF4VU/s1600/Luar+de+Abril.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-d8qOpBozk98/TeVf5mwDvpI/AAAAAAAAAKs/eTZCLtdF4VU/s200/Luar+de+Abril.jpg" width="121" /></a></div><br />
<br />
<br />
<br />
<b>luar de abril</b><br />
sérgio francisco pichorim (matsuki)<br />
<i>Curitiba: Araucária Cultural, 2011 (120 páginas)</i><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Contato: pichorim@utfpr.edu.br<br />
<a href="http://pessoal.utfpr.edu.br/pichorim/h/a/i/k/a/i/">http://pessoal.utfpr.edu.br/pichorim/h/a/i/k/a/i/</a><br />
<br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
<b>1 - <a href="http://cbn.globoradio.globo.com/programas/revista-cbn/2011/03/26/BLOGUEIROS-AUTORA-DA-DICAS-SOBRE-HAICAIS-E-CRIATIVIDADE-NA-ESCRITA.htm">Autora dá dicas sobre haicais e criatividade na escrita</a></b><br />
<br />
<iframe bgcolor="#CCCCCC" frameborder="0" height="193" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="http://www.cbn.com.br/Player/player.htm?audio=2011/noticias/mmartinez_110326&OAS_sitepage=cbn/programas/revistacbn" width="400"></iframe><br />
<br />
<b>Entrevista com a Monica Martinez para a rádio CBN</b>. A Monica é responsável pelo blog <b>Espaço do Haicai</b> e <b>participante do Grêmio Ipê Haicai</b>, vale a pena ouvir, lá ela faz uma apresentação do haicai, dá sua visão desta poesia e fala um pouco sobre seus blogs.<br />
<br />
<br />
<b>2 - <a href="http://espacodohaicai.blogspot.com/2011/04/experiencia-pedagogica-com-o-haicai.html">A experiência pedagógica com o haicai</a></b><br />
<br />
A Monica aparece de novo aqui, mas agora não na CBN, mas em seu blog mesmo :) Ela preparou um artigo muito legal sobre como <b>professores têm usado o haicai em sala de aula</b>, como <b>ferramenta pedagógica</b>. O destaque é para o <b>prof. João Tolói</b>, que já adotou o haicai nas escolas há um bom tempo, o que levou a garantir a ele o <b><a href="http://www.kakinet.com/news/n080920a.php">III Prêmio Paulo Freire</a></b>. Confiram lá!<br />
<br />
<br />
<b>3 - <a href="http://www.sibila.com.br/index.php/critica/1708-leminski-e-o-haicai">Leminski e o Haicai</a></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-VgPp_5p6anQ/TZvbGrxuRgI/AAAAAAAAAIY/VH7nVGt3KyU/s1600/blog+haicais+paulo+leminski.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="168" src="http://4.bp.blogspot.com/-VgPp_5p6anQ/TZvbGrxuRgI/AAAAAAAAAIY/VH7nVGt3KyU/s400/blog+haicais+paulo+leminski.jpg" width="400" /></a></div><br />
O artigo é do <b>Paulo Franchetti, um dos maiores estudiosos do haicai no Brasil</b>. Não sei se o texto foi publicado neste site com sua autorização, mas fiquei feliz ao ler o artigo assim que chegou nos meus feeds. Apresenta <b>a relação de Paulo Leminski com o haicai</b>, sua visão, sua prática e as diferenças entre os haicais dele e dos concretistas. Muito, muito interessante!<br />
<br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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Por José Marins<br />
<br />
<b>A. A. de Assis, mestre da trova (o trovador mais premiado do Brasil), é também um haicaísta dono de estilo que cativa com humor e simplicidade.</b> E quando penso em karumi (leveza e fluência), lembro do Assis. Seus poemas mais longos, as trovas, os haicais, trazem a nuança do contentamento. Seus “triversos” veiculam um humor fino e satírico. Ex-professor de Letras na Universidade de Maringá-PR, onde mora há mais de 50 anos, Assis é membro ativo da fraternidade dos trovadores brasileiros. Seus livros e livretos podem ser encontrados na Internet na forma de e-books.<br />
<br />
**********************************************************<br />
<br />
<i><b>José Marins</b> - Como você chegou ao haicai?</i><br />
<br />
<b>A. A. de Assis</b> - Cheguei ao haicai por amor à síntese e porque o metro 5-7-5 soava mágico em meus ouvidos. Os primeiros que li atentamente e que me fascinaram foram os do Guilherme de Almeida. Por ter "ouvido de violeiro", como dizia meu avô, o haicai rimado me parecia "uma trova de três pernas", uma deliciosa cançoneta magistralmente construída. Desde muito jovem ingressei, porém, na tribo dos trovadores, por isso me dediquei prioritariamente à produção de quadras. Em relação ao haicai, a trova tem para mim a vantagem de ser um campo mais aberto: basta colocar uma ideia interessante (lírica, humorística ou filosófica) num poema de quatro redondilhas, rimando o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto. O haicai tem outras exigências, que ainda tento entender. Mas um dia chego lá...<br />
<br />
<i><b>JM - </b>Você é um mestre da trova, um dos trovadores mais premiados do Brasil, que relações vê entre a trova e o haicai?</i><br />
<br />
<b>AA</b> -<br />
<blockquote>Costumo pensar que a trova é o haicai brasileiro... ou o haicai é a trova japonesa. São duas maneiras de em poucas palavras dizer com graça e criatividade o suficiente. Duas modalidades de poesia adequadas aos tempos modernos, talvez as únicas com chance de sobrevivência em meio à lufa-lufa das novas gerações.</blockquote>Além disso, são desafiantes, visto não ser qualquer pessoa que consegue colocar tanto conteúdo em tão diminutos recipientes.<br />
<br />
<i><b>JM -</b> Sempre notei o contentamento como a marca de seus poemas. No seu haicai ele aparece como humor e leveza. Como é o seu fazer haicaístico? Já pensou em publicar seus haicais em livro?</i><br />
<br />
<b>AA</b> - Esse é, aliás, um problema que encontro em minhas tentativas de fazer haicai. Sou, por índole, um poeta lírico e brincante, daí a dificuldade de me encaixar nas normas rígidas do haicai canônico. Talvez por timidez, tenho até chamado aos meus tercetos de "triversos", na esperança de assim evitar que os mestres do haicai tradicional me puxem as orelhas... Porém gosto demais dos haicais certinhos, que seguem à risca as boas regras. Sobre publicar um livro de haicais, pode ser que algum dia isso aconteça, mas preciso amadurecer um pouco mais nessa arte. Para tanto, venho acompanhando com especial carinho e atenção o trabalho de alguns professores muito queridos, entre os quais destaco <a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/01/panorama-do-haicai-nacional-jose-marins_31.html">José Marins</a>, de Curitiba, e <a href="http://www.lenajesus.ponte.nom.br/">Lena Jesus Ponte</a>, de Niterói.</div><br />
<span id="goog_1242727073"></span><span id="goog_1242727074"></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://lh3.googleusercontent.com/-E0VaIoskyPA/TYZ6LbgbtsI/AAAAAAAAAHA/IbLFstTFROE/s1600/a.a.de+assis+.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="305" src="https://lh3.googleusercontent.com/-E0VaIoskyPA/TYZ6LbgbtsI/AAAAAAAAAHA/IbLFstTFROE/s400/a.a.de+assis+.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Foto de Rafael Silva.</i></td></tr>
</tbody></table><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">Haicais de A. A. de Assis:</span></b><br />
<br />
Na foto, a saudade<br />
vestida de azul e branco.<br />
Uma normalista<br />
<br />
Chuva de granizo.<br />
O pasto, visto de longe,<br />
vira algodoal.<br />
<br />
No velho relógio<br />
viu as horas meu avô.<br />
Hoje as vê meu neto.<br />
<br />
Meados de outono.<br />
Hora de a gente tirar<br />
as meias do armário.<br />
<br />
Os passantes param.<br />
Carregadinhos de flores<br />
os jacarandás.<br />
<br />
Repicam os sinos.<br />
Os mesmos de nós meninos,<br />
na velha matriz.<br />
<br />
Um deserto azul,<br />
sem uma nuvem sequer.<br />
Céu de inverno seco.<br />
<br />
Ela abre e fecha<br />
qual se fosse um livrozinho.<br />
Uma borboleta.<br />
<br />
Beleza, beleza.<br />
Caqui chegou farto aqui<br />
e adoçou a mesa.<br />
<br />
No topo do poste<br />
uma pipa pendurada.<br />
Leva um pito o piá.<br />
<br />
No meio do pasto<br />
um ponto de exclamação.<br />
Último coqueiro.<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><b>Senryu de A. A. de Assis</b>:</span><br />
<br />
Zelosa a vizinha<br />
serve água fresca à roseira.<br />
Regá-la é um regalo.<br />
<br />
Pombo sobre a pomba.<br />
Virão logo fazer ninho<br />
em minha janela.<br />
<br />
Espelho impiedoso:<br />
a gente, ao limpar a lente,<br />
vê-se mais idoso.<br />
<br />
Campanha antipança.<br />
Nem mesmo a neblina densa<br />
interrompe a andança.<br />
<br />
Menino de sete<br />
versus menino de oitenta.<br />
Jogo de botão.<br />
<br />
Quantas vezes, ah,<br />
eu vi o pião rodar.<br />
E os anos também.<br />
<br />
-------------<br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">José Marins, é escritor e haicaísta</span></i><br />
<a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com/"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">http://fieiradehaicais.blogspot.com</span></i></a><br />
<br><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
<blockquote>Se você tiver a impressão que a Lua está um pouco maior e mais brilhante neste fim de semana, existe uma razão para isso. A Lua Cheia deste sábado será uma super "lua perigeu" - a maior em quase 20 anos. Este fenômeno é bem mais raro do que a famosa Lua Azul, que acontece uma vez a cada dois anos e meio. As informações são da CNN. </blockquote><blockquote>"A última Lua Cheia tão grande e tão perto da Terra ocorreu em março de 1993", disse Geoff Chester, do Observatório Naval dos EUA, em Washington. "Eu diria que ela vale uma olhada." </blockquote><blockquote>Segundo o pesquisador, no perigeu a Lua fica cerca de 50 mil km mais perto da Terra do que quando está no ponto mais distante de sua órbita, também conhecido como apogeu. "Luas perigeu são cerca de 30% mais brilhantes e podem parecer 14% maiores do que as Luas que ocorrem no lado do apogeu da órbita lunar," diz o site da Nasa. <i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><a href="http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5001479-EI301,00-Apos+anos+Super+Lua+Cheia+acontece+neste+sabado.html">(Terra Notícias)</a></span></i> </blockquote><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-e_B7Ve4rF1Y/TYTg3W2jsqI/AAAAAAAAAG8/gZ-Wxn7bKds/s1600/600px-Moon_merged_small.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://lh5.googleusercontent.com/-e_B7Ve4rF1Y/TYTg3W2jsqI/AAAAAAAAAG8/gZ-Wxn7bKds/s400/600px-Moon_merged_small.jpg" width="400" /></a></div><br />
<br />
Preparem seus bloquinhos de notas e canetas, e vamos sair de casa pra observar a lua e caçar haicai.<br />
<br />
<b>Depois não deixem de compartilhar aqui nos comentários os haicais que compuseram :)</b><br />
<br><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
<div style="text-align: justify;">O Grêmio de Haicai "Caminho das Águas", de Santos/SP, visando incentivar a prática do Haicai, poema de origem japonesa cuja entrada no Brasil deu-se em 1908, e em homenagem ao que seriam os 100 anos de nascimento do querido Mestre Haicaísta, abre inscrições para o V Concurso Nacional de Haicai "Caminho das Águas" - Prêmio Centenário de Nascimento de Masuda Goga.<br />
<br />
<b>O concurso está aberto à participação de qualquer brasileiro praticante de haicai, filiado ou não a Grêmio de Haicai.</b><br />
<br />
Cada participante poderá inscrever-se com até dois haicais <b>inéditos</b>, sendo os <b>kigos, obrigatoriamente, andorinha e orvalho</b> (<i>um kigo para cada haicai</i>). Caso queira participar com apenas um haicai é livre a escolha de um desses kigos. Os haicais deverão seguir, sem exceção, a linha do Mestre Bashô: kigo, <b>17 sílabas poéticas (5-7-5) em 3 linhas, sem título ou rima</b>.<br />
<br />
Cada haicai deve ser apresentado em meia folha de <i>papel A4</i>, digitado em <i>fonte Tahoma tamanho 14</i>, em <i>quatro cópias</i>. Utilizar um único pseudônimo. No mesmo envelope em que serão enviados os haicais, <i>anexar breve currículo</i> (nome e endereço completos, telefone, e-mail) e <i>autorização para publicação</i>, lacrados num envelope menor. Por fora do envelope menor deve constar apenas o pseudônimo do autor.<br />
<br />
O envelope maior não deverá conter nada que identifique o participante. Utilizar para o remetente as mesmas informações do destinatário, ou seja:<br />
<br />
<b>V Concurso Nacional de Haicai "Caminho das Águas"</b><br />
A/C de Mahelen Madureira<br />
Rua Alexandre Martins no 03, aptº 11-107 / CEP.<br />
11025-201 – Santos / SP.<br />
<br />
Os haicais devem ser <b>postados até 31 de maio de 2011</b> (valendo a data do carimbo).<br />
<br />
A Comissão Julgadora será composta por haicaístas do Grêmio de Haicai "Caminho das Águas".<br />
<br />
Os autores dos haicais selecionados serão diretamente informados por email no transcorrer da 1ª. quinzena de julho de 2011. <b>Os dez classificados receberão certificado, sendo que do 1o. ao 5o. também receberão prêmio adicional</b>. Os haicais premiados serão <i>publicados no livreto em homenagem ao Mestre Masuda Goga</i>, no <i>Boletim do Grêmio de Haicai "Caminho das Águas"</i> e no site da <i><a href="http://www.maxpressnet.com.br/">Maxpress Net</a></i>.<br />
<br />
A solenidade de entrega dos prêmios será realizada no dia 13 de agosto de 2011, às 15h00, no SESC-Santos, sediado à Rua Conselheiro Ribas, 136, Bairro Aparecida, Santos/SP.<br />
<br />
É vetada a participação de associados do Grêmio de Haicai "Caminho das Águas".<br />
<br />
Os trabalhos enviados em desacordo com os critérios enunciados neste Regulamento serão automaticamente desclassificados. O material enviado não será devolvido. Os casos não previstos neste Regulamento serão decididos pelos organizadores do Concurso e esclarecimentos poderão ser obtidos pelos telefones:<br />
<br />
(13)3231.0930<br />
(13)3261.4481<br />
(13)3238.4921<br />
<br />
ou pelos e-mails:<br />
<br />
orgone1@terra.com.br<br />
mahelen.madureira@hotmail.com<br />
mariaheloisasm@yahoo.com.br<br />
<br />
As decisões da Comissão Julgadora são irrecorríveis.<br />
<br />
************************************************************************<br />
<br />
Quer saber mais sobre o <b>Grêmio Caminho das Águas</b>? Acesse: <a href="http://www.kakinet.com/caqui/aguas.htm">http://www.kakinet.com/caqui/aguas.htm</a></div><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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Por <i>José Marins</i></span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Esse <b>“Insistente aprendiz” </b>é o segundo livro de haicais de <b>Nelson Savioli</b>, também saído pela Qualitymark. <br />
<br />
No primeiro, <b>“Burajiru Haicais”</b>, os poemas vinham acompanhados da experiência de levar o haicai ao mundo corporativo. Agora a aventura é outra: publicar haicais e contar o gozo de sua criação, ou trazer suas associações com outros poemas, ou revelar fontes da memória do autor em notas que enriquecem a obra.<br />
<br />
<blockquote>O poema haicai, tão exíguo, não necessita de explicações. Nelson sabe disso e faz das notas aos haicais sua confissão de aprendiz. Demonstra seu entusiasmo e satisfação com suas vivências haicaísticas. Seu haicai brota da vivência, e, também de uma busca pela leitura dos poetas clássicos e dos estudiosos (também em inglês). </blockquote><br />
A promessa feita no início de se buscar um diálogo com o leitor é cumprida de duas formas: o leitor pode realizar a leitura dos poemas e não buscar as notas; ou, num segundo momento, ler os haicais e cada uma das notas correspondentes e ter aí um outro prazer. Na leitura de alguns poemas busquei nas notas mais informações sobre aquele haicai e encontrei outros registros, espécie de ampliação das possibilidades de leitura, noutras o paralelismo interessante. <br />
<br />
O autor não está sozinho. Antes <b>Masuda Goga</b>, <b>Teruko Oda</b> e <b>Eunice Arruda</b> fizeram algo parecido em menor escala no livro <b>“Haicai – a poesia do kigo”</b> de 1995. Neste, como dizem os autores: <i>“Os haicais foram compostos sobre os mesmos temas (kigo), e, para melhor percepção por parte dos leitores, foi anexada a cada poema uma explanação (...)”.</i> No livro de Savioli as notas não explicam nem têm finalidade didática, mas associam, abrem janelas para outras visões.<br />
<br />
Se, infelizmente, em outros livros há o enxerto teórico pesado, aqui a leveza de alguns achados acrescentam novos significados e nos revelam porque o livro chama-se “insistente aprendiz”.<br />
<br />
Outra realização interessante desse livro é o reconhecimento que Nelson Savioli tem para com os colegas. Atitude construtiva essa de anotar em livro as fontes, os colaboradores, os momentos, os “insights” do seu aprendizado.<br />
<br />
É gratificante ler mais um novo livro que privilegia o haicai tradicional, que vem assumindo o seu espaço entre os estilos do poema haicai em nossa terra (um país de haicaístas como sonhou o mestre <b>Kyoshi Takahama</b>?)<br />
<br />
Escolhi um poema de cada estação para ilustrar esta pequena resenha:<br />
<br />
<div style="text-align: center;">Esfrego o olhos.<br />
Uma borboleta branca<br />
sobre o lençol.</div><br />
Aqui o poema registra também que se trata de uma vivência do poeta, requisito do feitio do haicai. Podemos ver a borboleta ou um desenho de borboleta nas dobras brancas. Esfregar os olhos ainda mostra alguém sonolento.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">No velho mangue –<br />
um caranguejo corre<br />
sem fazer barulho.</div><br />
Inúmeras são as recriações do <b>haicai da rã de Basho</b>. Este tem uma originalidade nutrida pela observação do poeta, a de que o caranguejo se move em silêncio. Demonstra que é possível buscar o que os antigos buscaram com voz própria.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">Você também, grilo,<br />
admira a beleza desse<br />
arranjo de flores?</div><br />
Bem ao gosto oriental, traz o haimi dos haicais de <b>Issa</b>, Basho. A justaposição dá conta de nos revelar um belo contraste.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">Ainda sonolento –<br />
brilho de um caco de vidro<br />
anuncia a manhã.</div><br />
O haijin é sempre um self acordado no poeta. O brilho de um caco é captado pela mente alerta. Ser aprendiz de haicaísta será isto, afinal?<br />
<br />
A leitura de “Insistente aprendiz” trouxe-me o prazer do haicai compartilhado, a satisfação de ler os poemas de um colega dedicado. <br />
<br />
Já estou à espera do próximo livro.<br />
<br />
–––––<br />
<br />
José Marins, é escritor e haicaísta<br />
<a href="http://fieiradehaicais.blogspot.com/">http://fieiradehaicais.blogspot.com</a><br />
<br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-11VhRnc2OyY/TWjsj6AhFII/AAAAAAAAAF4/XAMVARtF1Es/s1600/capa+Nelson+Savioli.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://lh5.googleusercontent.com/-11VhRnc2OyY/TWjsj6AhFII/AAAAAAAAAF4/XAMVARtF1Es/s400/capa+Nelson+Savioli.jpg" width="275" /></a></div><br />
O livro pode ser adquirido através do <b><a href="http://www.qualitymark.com.br/loja/index.asp">site da Quality Mark</a></b> ou nas livrarias (a pedido).<br />
<br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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Por <i>Alvaro Posselt</i></span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Nunca é demais mencionar que o haicai é uma forma poética de origem japonesa, composto de três versos de dezessete sílabas poéticas (5-7-5), é dividido em duas partes e deve conter uma palavra que indique o momento, a estação do ano em que foi realizado e assim registrar uma vivência ou resgatar uma memória de seu idealizador, tendo como cenário a natureza. <br />
<br />
Despidos do rigor da métrica, os haicais de Alice Ruiz que integram o <b>livro Jardim de Haijin</b>, lançado recentemente pela <b>Editora Iluminuras</b>, formam uma ciranda de poemas vivenciados, como ela mesma cita, nos jardins dos amigos. Mas há outros que surgiram em ocasiões diferentes.</div><br />
<div style="text-align: center;"><i>passeio no Ibirapuera<br />
uma cerejeira florida<br />
interrompe a conversa</i></div><br />
<div style="text-align: justify;">Com grande percepção e técnica, Alice compõe haicais cheios de sensações, imagens e leveza, de linguagem simples e insinuante, em sintonia com a natureza.<br />
<blockquote>Entre o permanente e o transitório, o poema nasce e se funde, é sentido e não intelectualizado.</blockquote>As lentes são voltadas para o que está ao redor e não para o sentimentalismo. O profundo é a simplicidade.</div><br />
<div style="text-align: center;"><i>paineira na chegada <br />
ainda mais florida<br />
no dia da saída</i></div><br />
<div style="text-align: justify;">Dentro desse universo, o livro ganhou cores alegres que brincam com os poemas através das <b>ilustrações de Fê</b>. A relação entre um haicai e uma imagem deve ser sutil, e é o que acontece. Há muita harmonia e diálogo entre palavras e cores, há uma brincadeira para a qual o leitor é convidado.</div><br />
<div style="text-align: center;"><i>vento no bambuzal<br />
por todos os lados <br />
portas que se abrem</i></div><br />
<div style="text-align: justify;">O haicai já é centenário em terras brasileiras, apesar disso muitos autores escrevem seus poemas de três versos e os chamam de haicai. A curitibana Alice Ruiz, que no ano passado ganhou o <i>Prêmio Jabuti</i> pelo livro de poesia <i>Dois em Um</i>, sabe muito bem escrevê-los. Ao folhear o livro, os haicais saltam livres à nossa leitura, livres para serem haicais.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-uFkzB-2u1jA/TVgs0wPFaNI/AAAAAAAAAFQ/5nvatzgHhYk/s1600/jardim+de+haijin+alice+ruiz+resenha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-uFkzB-2u1jA/TVgs0wPFaNI/AAAAAAAAAFQ/5nvatzgHhYk/s320/jardim+de+haijin+alice+ruiz+resenha.jpg" width="320" /></a></div><br />
Caso queira comprar, tem nas livrarias <a href="http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3100663/jardin-de-haijin/?ID=BB130CE97DB020D110B1B0772">Saraiva</a>, <a href="http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=22286082&sid=87191223313213619866102539&k5=8B980F2&uid=">Cultura</a>, <a href="http://livraria.folha.com.br/catalogo/1152983/jardim-de-haijin">Folha</a> (mais barato), <a href="http://www.fnac.com.br/jardim-de-haijin-9788573213232-FNAC,,livro-565183-3246.html">FNAC</a> et cetera.</div><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<br />
<b>1 - <a href="http://poemasnoonibus.blogspot.com/2011/01/entrevista-com-alice-ruiz.html">Entrevista com Alice Ruiz</a></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-VPuJJQ-ZOcc/TVgcxJVXu1I/AAAAAAAAAFI/VnDK_PBtCBU/s1600/entrevista+com+alice+ruiz.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" src="http://4.bp.blogspot.com/-VPuJJQ-ZOcc/TVgcxJVXu1I/AAAAAAAAAFI/VnDK_PBtCBU/s400/entrevista+com+alice+ruiz.JPG" width="400" /></a></div><br />
Entrevista exclusiva que Alice deu para o blog Poemas no Ônibus e no Trem. Tirando a egóica pergunta dois, a conversa foi legal. E para quem não viu, também fiz uma entrevista com a Alice Ruiz, para o Panorama do Haicai Nacional. <br />
<br />
<br />
<b>2 - <a href="http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/um-golaco-de-celso-arnaldo-o-presidente-que-se-gaba-de-nunca-ter-lido-um-livro-foi-sucedido-por-alguem-que-se-jacta-de-ter-lido-todos-os-livros-que-nunca-leu/">Um golaço de Celso Arnaldo</a></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-um9Ojm3D8TU/TVO6nq_WiiI/AAAAAAAAAFA/nwrBM8Gp5Qs/s1600/dilma-livros-veja.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" src="http://2.bp.blogspot.com/-um9Ojm3D8TU/TVO6nq_WiiI/AAAAAAAAAFA/nwrBM8Gp5Qs/s400/dilma-livros-veja.jpg" width="400" /></a></div><br />
A mesma notícia sobre a Dilma e a literatura que já publiquei aqui. Mas agora sob o olhar de Augusto Nunes, colunista da Veja.<br />
<br />
<br />
<b>3 - <a href="http://sopadepoesia.blogspot.com/2011/01/pitada-de-pitacos-do-carlos-vercosa.html">Pitada de Pitacos do Carlos Verçosa - Tomo IV</a></b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-DED3mm9LEqs/TVgiXZdsv9I/AAAAAAAAAFM/za_LRZYdZMA/s1600/pitada+de+pitacos+carlos+ver%25C3%25A7osa+sopa+de+poesia.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" src="http://3.bp.blogspot.com/-DED3mm9LEqs/TVgiXZdsv9I/AAAAAAAAAFM/za_LRZYdZMA/s400/pitada+de+pitacos+carlos+ver%25C3%25A7osa+sopa+de+poesia.JPG" width="400" /></a></div><br />
Continuação da série sobre o haicai no Brasil (especialmente na Bahia), este tomo dá um merecido destaque ao poeta <b>Oldegar Viera</b> e seu livro <i>Folhas de Chá</i>. Imperdível!<br />
<br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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dentinhos de bebê arranham<br />
o copo de vidro.</div><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Por <i>José Marins</i></span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Organizados por David Rodrigues, dez poetas viajam no haiku por mares de antes e de agora navegados. Embalado para presente numa bela capa, publicado pela Palimage, o livro nos chega prometendo um contentamento: o encanto do haiku. <br />
<br />
Aqui a janela do haiku, aberta para o mar, capta visões e vivências de dez autores, uns veteranos como Albano Martins, Casimiro de Brito e Liberto Cruz, entre outros nomes da poesia portuguesa, e um jovem que desponta como haijin, Lécio Ferreira.<br />
<br />
Escolhi um poema de cada autor para um breve comentário.</div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Albano Martins</b> – nos surpreende com esta vista da solidão que permite duas leituras: a vela inflada e a vela acesa.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Ao luar, uma vela<br />
é também<br />
uma estrela.</i></div><br />
Um registro fino que me recorda Basho: <br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Ah, lua de outono —<br />
Andando em volta do lago<br />
passei toda a noite.</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Casimiro de Brito</b> – também me lembra o sentir oriental neste irremediável estar só:<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>As ondas do mar<br />
acompanham-se umas às outras –<br />
e eu tão só.</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>David Rodrigues</b> – mostra uma observação acurada, ferramenta do poeta do haiku, nos traços delicados desta cena:<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>vagueio pela praia –<br />
as ondas perdem e ganham<br />
reflexos de sol</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Dinis Lapa</b> capta com graça a imagem distorcida do peixe no vidro e a recria em<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Pequeno aquário –<br />
um peixe<br />
atravessa o vidro.</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Lécio Ferreira</b> – soube registrar este contraste interessante que denota a boa leitura dos clássicos.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>rebentam as ondas –<br />
mas também o silêncio<br />
entre os bambus</i></div><br />
É inevitável a lembrança deste outro poema do mestre Basho:<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Vento cortante –<br />
Se esconde em meio ao bambu<br />
e desaparece.</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Leonilda Alfarrobinha</b> – nos faz ler estas algas enroscadas nos pés de nossas lembranças. Se “recordar é viver”, para o haiku o tema das lembranças nos dá significativos poemas.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>praia matinal –<br />
tempos distantes regressam<br />
no meio das algas<br />
<br />
Lentos os dias vêm –<br />
Os tempos que se foram<br />
já se vão longe</i></div><div style="text-align: center;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Buson</span></i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Liberto Cruz</b> – o haiku-livre do poeta registra o estremecimento diante do mistério:<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Frente ao mar<br />
Que voz é esta<br />
Que nos seduz?</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Lucília Saraiva</b> – um temporal que se avizinha é a cena haicaística de onde a poeta percebe um momento de haiku:<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>na cumeeira do telhado –<br />
uma gaivota<br />
atenta ao temporal</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Luís Domingos</b> – demonstra que o haiku pode ir além da percepção e trazer a marca da sazonalidade.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Tarde de inverno:<br />
ainda voam as gaivotas<br />
e os guarda-chuvas.</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<b>Ivette Centeno</b> – não diz a data deste setembro, se é final de verão ou começo de outono, daí a sutileza do momento deste casal e do haiku.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><i>Anoitecer de setembro:<br />
um casal abraçado<br />
na varanda.</i></div><br />
***************************************************************************<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Li com prazer a coletânea “De frente para o mar”. Se os poemas não seguem a forma tradicional, também não se afastam da tradição do haiku oriental e que se busca praticar hoje no mundo. Ou seja, aquele que mantém na escrita o sentido de haiku, o sabor, seu haimi. O que torna reconhecível esta forma do haikai e o distancia do simples terceto ou dos epigramas ocidentais.<br />
<br />
David Rodrigues, pelo que noto com satisfação, vem se especializando em reunir poemas haiku, tornando mais visível a produção portuguesa.</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_iUQoNCZbKrg/TUYPiIIqxKI/AAAAAAAAAE4/f4RZavuTf7Q/s1600/De+Frente+para+o+Mar.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://4.bp.blogspot.com/_iUQoNCZbKrg/TUYPiIIqxKI/AAAAAAAAAE4/f4RZavuTf7Q/s400/De+Frente+para+o+Mar.JPG" width="253" /></a></div><br />
––<br />
<br />
<i><a href="http://hai-kais.blogspot.com/2010/01/panorama-do-haicai-nacional-jose-marins_31.html">José Marins</a></i> é escritor e haicaísta.<br />
<br />
--<br />
<br />
Caso queiram exemplares do livro <i>De Frente para o Mar</i>, devem fazer o pedido através do site da <a href="http://www.aapj.pt/">Associação de Amizade Portugal-Japão</a>. O preço é 10 Euros + portes de envio.<br />
<br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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<div style="text-align: center;">parede do zendô<br />
um mosquito pousa<br />
o tempo voa...</div><br><div class="blogger-post-footer">..:: blog HAI-KAIS ::..
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